Por meio de postagens nas redes sociais, o Talibã anunciou nesta quinta-feira (19) que o Afeganistão voltou a se chamar Emirado Islâmico do Afeganistão (EIA), o mesmo nome utilizado na primeira vez que os extremistas tomaram o país — período entre 1996 e 2001.
A declaração foi divulgada em uma postagem de Zabihullah Mujahid, porta-voz que havia afirmado que o grupo teria atitudes mais moderadas.
Também nesta quinta, Waheedullah Hashimi, um dos principais comandantes do Talibã, afirmou que o EIA deve seguir leis semelhantes ao primeiro governo do grupo extremista, sem a possibilidade da implantação de uma democracia.
“Não haverá nada como um sistema democrático porque isso não tem nenhuma base no nosso país”, afirmou Hashimi. “Nós não vamos discutir qual será o tipo de sistema político que vamos aplicar no Afeganistão porque isso é claro: a lei é sharia [conjunto de regras islâmicas tradicionais], e é isso.”
Também nesta quinta-feira, Dia da Independência do Afeganistão, o grupo reagiu com violência aos primeiros sinais de resistência à sua tomada de poder.
Desafio
Por outro lado, grupos de afegãos desafiaram o Talibã nesta quinta, levantando bandeiras nacionais no Dia da Independência do país, enquanto o filho do lendário comandante Ahmed Massud, que lutou contra os extremistas há duas décadas, chamou à resistência e pediu armas aos Estados Unidos.
Milhares de pessoas permaneciam bloqueadas em Cabul, em sua tentativa de deixar o país. Enquanto isso, aviões de todo o mundo pousavam constantemente, tentando resgatar o maior número de pessoas possível.
Pequenos grupos de afegãos tomaram as ruas de Cabul e outras cidades, como Asadabad (leste), com a bandeira tricolor do país, enquanto prédios oficiais e carros das patrulhas do Talibã exibiam a bandeira branca com um slogan islâmico.
Perto de Wazir Akbar Khan, nos arredores da capital, os manifestantes encontraram um veículo dos talibãs. O carro diminuiu a velocidade, mas depois partiu, ignorando os que estavam reunidos.
Mas o medo aumenta a cada dia que passa no Afeganistão, onde o Talibã reconquistou o poder em poucas semanas e quase sem luta. No domingo, o movimento tomou a capital.
Os talibãs estão intensificando suas buscas por pessoas que
trabalharam com as forças dos EUA e da Otan, de acordo com um documento
confidencial das Nações Unidas, que alerta para a possibilidade de
“tortura e execuções”, apesar de combatentes prometerem não se vingar. *Metro1
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