Um movimento de mulheres está deixando de usar as pílulas anticoncepcionais como método de contracepção devido a um temor ou insatisfação com possíveis efeitos colaterais associados ao remédio. Entre eles, são destacados a redução de libido, alterações de humor e, em casos específicos, doenças como trombose venosa ou câncer de colo de útero. Diante da quantidades de moças de diferentes idades que aderiram ao movimento, alguns médicos se manifestaram declarando a necessidade de cautela na hora da decisão, afirmando que cada caso precisa ser avaliado individualmente. Ouvidos pelo jornal O Globo, os profissionais acreditam que as reações adversas ocorrem quando falta orientação médica.
Dados da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), de 2014, dão conta de que aproximadamente 100 milhões de mulheres usam pílulas anticoncepcionais em todo o mundo. No Brasil, esse númeto abrange 27% das mulheres em idade fértil. Assim como afirmado por algumas adeptas do não uso do remédio, um estudo publicado na revista “British Medical Journal” relaciona o uso de anticoncepcionais orais e ocorrência de tromboembolismo venoso (TEV), a trombose. A pesquisa, feita pela Universidade de Nottingham, Reino Unido, demonstra que as pílulas mais novas que contêm tipos recentes de hormônios progestágenos (drospirenona, desogestrel, gestodeno e ciproterona) trazem mais risco de coágulos. Ainda segundo o relatório, as mulheres que usam contraceptivos orais combinados estão mais sujeitas a tromboses do que aquelas que não tomam pílula e as que tomam pílulas com compostos mais antigos, como levonorgestrel, a noretisterona, e norgestimato, tem chance menor de desenvolver a doença do que os novos medicamentos.
“Muitas meninas passam a usar o anticoncepcional na adolescência e correm riscos, uma vez que grande parte dessas pacientes adere à pílula sem uma consulta médica. É como se o anticoncepcional engrossasse o sangue, o que propicia a formação de coágulos “, afirmou o presidente da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular do Rio de Janeiro (SBACV-RJ), Carlos Peixoto, ao jornal carioca. A explicação é que o hormônio presente nos anticoncepcionais pode reagir com proteínas relacionadas à coagulação, o que contribuiria para a formação dos trombos. “Por isso é importante a orientação do médico, que deve pesquisar o histórico da paciente para receitar o remédio. Ver se há casos de trombose na família, por exemplo. Mas, em geral, os benefícios (da pílula) são bem maiores que o risco de malefícios”, conclui o médico.
Em relação a outros efeitos citados, como a perda de libido, ganho de peso e mudanças abruptas de humor, os médicos afirmam que há solução na mudança da substância utilizada. “Mudamos o componente da pílula para se adequar melhor à paciente. Já quando há um risco real para a saúde, como no caso de pacientes obesas, fumantes ou com histórico familiar de risco, oferecemos outros métodos contraceptivos. Em geral, o risco (de trombose) é pequeno. É mais fácil morrer atropelada, que por uma complicação dessa. O indicado é ir ao médico antes de tomar pílula para que ele possa alertar sobre sintomas como dor de cabeça, tonteira, dor na batata da perna”, explicou a ginecologista Cláudia Jacyntho, doutora pela Unicamp, ao O Globo.
Por Redação GN | Fonte: Bahia Notícias
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