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Médicos cubanos ameaçam parar em Araçatuba (SP)

Profissionais estrangeiros reclamam de atrasos no pagamento dos auxílios moradia e alimentação por parte da prefeitura da cidade
Vinte e dois médicos cubanos do Programa Mais Médicos que atuam na cidade de Araçatuba (SP) ameaçam deixar seus postos de trabalho por causa de atrasos no pagamento dos auxílios moradia e alimentação. Os benefícios são de responsabilidade das prefeituras e, no caso de Araçatuba, da administração do prefeito Cido Sério (PT). Os salários são pagos pelo governo federal.

Por meio de nota oficial, a prefeitura afirmou que irá pagar os auxílios, que devem ser repassados todo dia 1º, a partir desta sexta-feira, mas anunciou que irá reduzir seus valores. Cada médico recebe 2.500 reais de auxílio moradia e 500 reais de auxílio alimentação. A administração afirmou que irá reduzir o total para 1.700 reais e, como o valor foi definido como teto, pode legalmente reduzi-lo.

Os médicos dizem que querem deixar a cidade e procurar "outros municípios, onde seremos mais respeitados". Um casal de médicos cubanos que pediu para não ser identificado afirmou que, com o atraso, falta dinheiro para pagar o aluguel e outras despesas com energia elétrica, gás, condomínio e água. O casal diz que a prefeitura também não quer pagar os auxílios individuais para cada um. "Eles querem que a gente receba somente um auxílio para cada casal, pensamos que isso não é legal."

O secretário de Saúde de Araçatuba, José Carlos Teixeira, declarou em nota que a redução do valor do auxílio foi estabelecida em acordo com os médicos, que de agora em diante não precisarão mais prestar contas dos seus gastos. Os profissionais estrangeiros reclamaram da obrigação de apresentar notas fiscais e comprovantes de gastos com a verba dos benefícios. Segundo Teixeira, a Secretaria de Saúde de Araçatuba comparou os auxílios pagos em outros sete municípios e chegou à conclusão de que o valor de 1.700 reais é suficiente para cobrir os gastos dos médicos.

No entanto, o presidente do diretório do PT de Araçatuba, Fernando Zahr, disse que a cobrança de comprovantes de gastos pela prefeitura é uma atitude constrangedora para o município e para seu partido. Segundo ele, os médicos cubanos foram bem recebidos e estão prestando um excelente serviço, mudando a forma de atendimento nas unidades de saúde do município. Desde maio, quando iniciaram os trabalhos, os médicos cubanos fizeram 6.574 consultas nas unidades do município.

Bauru – Enquanto em Araçatuba a prefeitura corre o risco de ter uma debandada do Mais Médicos, em Bauru (SP), cidade próxima, a falta de médicos paralisou o atendimento nas Unidades de Pronto-Atendimento (UPAs) no domingo. A situação sobrecarregou a única das quatro unidades que estava funcionamento normalmente. De acordo com a administração, o problema ocorreu porque os profissionais não quiseram cumprir plantões extras nos finais de semana por 1.400 reais para cada 12 horas de trabalho. Foi o quarto domingo consecutivo que o atendimento nas UPAs da cidade teve de ser suspenso por falta de médicos.

Em carta aberta divulgada nesta terça, os médicos afirmam que "não existe nenhum movimento organizado com o propósito de deixa de realizar os plantões extras ou de inviabilizar o funcionamento normal dos serviços de urgência". De acordo com os médicos, "as condições de trabalho e salariais da Prefeitura Municipal de Bauru se demonstraram ineficiente em atrair e fixar médicos em seus quadros". Fonte: Estadão Conteúdo)