O Partido Liberal (PL) anunciou oficialmente Jair Bolsonaro (RJ) como candidato à reeleição à Presidência da República, na manhã deste domingo (24), em evento com ataque ao Supremo Tribunal Federal (STF) e discurso da primeira-dama, Michelle Bolsonaro.
A convenção foi realizada no Maracanãzinho, na Zona Norte do Rio, e o resultado da aprovação da candidatura, após votação virtual, foi divulgado no ginásio às 11h17. O general Walter Braga Netto também foi confirmado como vice da chapa.
Bolsonaro subiu ao palco ao lado de Michelle e, às 11h30, pegou o microfone. Após citar uma curta passagem bíblica sobre o valor da “mulher virtuosa”, deu a palavra para Michelle abrir os discursos.
Em uma fala de 13 minutos marcada pelo tom religioso, Michelle fez agradecimentos, falou sobre patriotismo e elogiou o marido. A primeira-dama também lembrou o episódio da facada sofrida por Bolsonaro na campanha de 2018.
“Vocês estão aqui apoiando um projeto de libertação da nação (…) Quando eu cheguei na Santa Casa e vi meu marido na maca, eu olhei para o teto do hospital e falei ‘o senhor tem controle de todas as coisas’. (…) Essa nação é rica, é próspera. Ela só foi mal administrada. Deus ama essa nação”, disse.
Michelle, então, devolveu o microfone ao marido.
“Quando se fala em poder do povo, alguém acha que o povo cubano não quer a liberdade? Tem? Não. Como chegar a esse ponto? Por escolhas erradas (…) A nossa missão é não atrapalhar a vida de vocês. É, cada vez mais, tirar o estado de cima de vocês. Estado forte, povo fraco. Povo forte, estado forte”, disse Bolsonaro.
Ataque ao Supremo
O candidato discursou por 1 hora e 9 minutos. Pouco antes do fim, convocou os apoiadores para protestar “pela última vez” no próximo 7 de setembro.
“Nós somos maioria, nós somos do bem, nós temos liberdade para lutar pela nossa pátria. Convoco todos vocês agora, para que todo mundo, no 7 de setembro, vá às ruas pela última vez”, disse.
Ovacionado pelo público, Bolsonaro fez uma pausa enquanto as caixas de som repetiam um som grave intermitente, como uma espécie de trilha sonora.
“Vamos às ruas pela última vez”, reforçou. “Esses poucos surdos de capa preta têm que entender o que é a voz do povo. Têm que entender que quem faz as leis é o Poder Executivo e o Legislativo. Todos têm que jogar dentro das quatro linhas da Constituição. Interessa para todos nós. Não queremos o Brasil dominado por outra potência. E temos outras poucas potências de olho no Brasil.”
Elogios a Arthur Lira
Bolsonaro também elogiou e agradeceu ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), presente no evento, e citou a aprovação da chamada PEC Kamikaze, aprovada em 13 de julho no Congresso – que permitiu um drible em leis a fim de criar benefícios sociais em ano eleitoral.
De acordo com a PEC, que teve apoio do governo, esses benefícios valerão só até o fim de 2022. Em 2023, eles deixam de existir.
“Esse governo no ano passado, dentro da responsabilidade fiscal, extinguiu o Bolsa Família que pagava, em média, R$ 190. Tinha gente, tinha mulheres ganhando R$ 80. Passaram a ganhar, no mínimo, R$ 400. E, agora, com o apoio do nosso parlamento, deputados e senadores, passamos para R$ 600. E conversei essa semana com o Paulo Guedes [ministro da Economia], esse valor será mantido a partir do ano que vem.
Outros pontos do discurso de Bolsonaro:
- reforçou o papel do setor agrícola na economia brasileira;
- disse que o governo buscou parcerias com a Rússia para não faltar fertilizantes para a agricultura;
- afirmou que distribuiu 300 mil títulos de terra a trabalhadores do campo;
- destacou o trabalho na recuperação de estradas, na abertura de novas ferrovias e o investimento para trazer a tecnologia 5G para o Brasil;
- chamou o ex-presidente Lula de “bandido” e “ex-condenado”;
- prometeu respeitar a Constituição e garantir a liberdade de imprensa.
Dentre os filhos de Bolsonaro, o senador Flávio Bolsonaro foi o único em destaque no palco.
Também estiveram presentes no ginársio os deputados federais Daniel Silveira, Onyx Lorenzoni, Luiz Lima, Carla Zambelli e Hélio Lopes; o senador Romário; o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro; os ex-ministros Eduardo Pazuello e Tarcísio de Freitas; o ex-presidente Fernando Collor de Mello; o advogado Frederick Wassef; e os sertanejos Matheus e Cristiano, responsáveis pelo jingle da campanha, “Capitão do povo”.
Assim como a decoração do ginásio, o público, em sua maioria, estava de verde e amarelo. Muitos se enrolavam em uma bandeira do Brasil, que também era exibida em um grande telão.
O Rio de Janeiro é berço político do presidente, que busca reverter a desvantagem nas pesquisas de intenção de voto — na mais recente do instituto Datafolha, ele aparece em segundo lugar, com 28% das intenções de voto, atrás do rival Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com 47%.
Braga Netto
A convenção também confirmou o nome do general Walter Braga Netto para a vaga de vice na chapa de Bolsonaro. O militar se filiou ao PL em março deste ano. Ele também é um dos coordenadores da campanha à reeleição.
“O vice é aquela pessoa que tem que estar ao seu lado em momentos difíceis. O vice é a solução dos problemas, não pode conspirar contra você. Eu escolhi um general do Exército brasileiro. Vocês conhecem muito bem pela ocasião da intervenção no estado do Rio de Janeiro. Ele fez um trabalho fantástico no Rio de Janeiro”, disse Bolsonaro.
O general de quatro estrelas chegou ao posto máximo da carreira dentro do Exército e ganhou notoriedade em 2018, quando foi nomeado interventor federal no Rio de Janeiro pelo então presidente Michel Temer (MDB).
Em 2020, foi nomeado para chefiar a Casa Civil e, depois, em março de 2021, passou a comandar o Ministério da Defesa. Este ano, o general deixou a pasta e assumiu a vaga de assessor especial da presidência da República, da qual foi exonerado em julho.
Com a escolha, Bolsonaro alterou a chapa que o elegeu, cujo vice era
Hamilton Mourão (Republicanos). Após atritos públicos, Mourão vai
disputar uma vaga ao Senado pelo Rio Grande do Sul. *G1
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