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Campanha alerta para prevenção do câncer do colo de útero

 

Janeiro é o mês de conscientização sobre a prevenção do câncer do colo de útero. A doença é a mais frequente entre os cânceres que afetam o aparelho ginecológico feminino, sendo terceira ordem de aparecimento, perdendo apenas para os cânceres de mama e colo retal. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), mais de 16 mil mulheres são afetadas pelo problema por ano no Brasil. Apesar de ser considerada altamente prevenível, a doença é silenciosa e acaba levando a óbito em 35% dos casos.

A Comissão de Assuntos Sociais (CAS) debateu o assunto em 2020. Antes, em 2019, o Congresso aprovou projeto de lei (PLC 143/2018) que agiliza esses exames no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). O texto, que foi transformado na Lei 13.896, de 2019, dá prioridade a pacientes com suspeita de câncer na realização dos exames em prazo máximo de 30 dias. Engajados na campanha, Senado e Câmara também iluminam suas cúpulas como forma de lembrar da importância da prevenção.

A senadora Zenaide Maia (Pros-RN), que é médica, ressaltou que os cuidados contra o câncer de colo uterino envolvem duas frentes: a da vacinação de meninos e meninas entre 9 a 14 anos contra o HPV, vírus que causa a doença, e a do exame preventivo, o Papanicolau, para as mulheres. Em entrevista à Agência Senado, Zenaide observou que muitas pessoas deixaram de fazer exames preventivos em 2020, devido à pandemia de coronavírus. Mas disse ser fundamental a observância do check-up médico anual.

— Minha orientação, como médica, é no sentido de não se descuidar. Se diagnosticado precocemente, o câncer de colo de útero tem entre 80% e 90% de chances de cura, então, vamos prevenir.
Janeiro Verde

O câncer do colo de útero é causado pela infecção persistente por alguns tipos do papiloma vírus humano, o chamado HPV na abreviação em inglês. De acordo com o Ministério da Saúde, 75% das mulheres sexualmente ativas entrarão em contato com o vírus ao longo da vida e cerca de 5% delas vão desenvolver o tumor maligno em um prazo de dois a dez anos.

A campanha Janeiro Verde busca conscientizar sobre a doença, cujo principal método de detecção é o exame de Papanicolau. Ele pode ser feito gratuitamente no SUS ou com cobertura pelos planos de saúde. O presidente da Sociedade Brasileira de Cancerologia, Ricardo Antunes, afirmou que os índices no Norte e Nordeste podem ser comparados aos do norte da África. Em entrevista à Rádio Senado, ele falou sobre os métodos de prevenção, alertando para o fato de que a vacina contra o HPV é importante, mas não suficiente.

— A vacina não substitui o exame de Papanicolau, que é imprescindível em toda moça, em toda mulher acima dos 25 anos. É um exame de rastreamento sensível, seguro, barato e torna possível a detecção dessas lesões que foram estimuladas pelo vírus HPV — explicou.

Ricardo destacou a importância de que crianças também sejam imunizadas e alertou para o fato de que, por ser uma doença praticamente assintomática, a importância do diagnóstico precoce se torna ainda maior.

— Quando não tratado precocemente, ele acaba por deixar, na maioria das vezes, sequelas profundas, físicas e emocionais na mulher, muitas vezes irreversíveis. Isso tudo além do risco de morte. O câncer é altamente e facilmente prevenível, mas precisamos de atitudes e inciativas de nossos governantes — destacou.  

Vozes femininas

Algumas mulheres reconhecem que ainda negligenciam o monitoramento da própria saúde, enquanto a maioria sabe o significado da prevenção. Veja alguns depoimentos:

“Eu faço o exame anualmente e acho de suma importância a prevenção. Sou consciente de que o diagnóstico precoce nos dá mais chances de sucesso no tratamento, caso seja identificada qualquer doença, inclusive o câncer de útero”. (Raquel Avelar Sinfrônio, servidora pública, 39 anos, Brasília-DF)

“Muitas mulheres não buscam o ginecologista para fazer os exames de rotina. Por isso, acho extremamente importantes essas campanhas de conscientização, que ajudam a buscar e até facilitam o acesso a um diagnóstico precoce. Sou consciente, faço o check-up anual, inclusive o teste do Papanicolau, mas devo reconhecer que, no meu caso, as coisas ficam menos difíceis por eu ter acesso a um plano de saúde ”. (Maria da Conceição Nunes, autônoma, 63 anos, Salvador-BA)

“Acho essas campanhas extremamente relevantes, principalmente para alertar quem, como eu, acaba deixando o tempo passar e, mediante as responsabilidades da vida, esquece de fazer os exames. Eles são fundamentais para mostrar qualquer indício de doença, lembrando aquele velho ditado ‘é melhor prevenir do que remediar’”. (Deusenira Brandão, empresária, 52 anos, Brasília-DF)

“Para mim, a conscientização acerca da prevenção deve ser estimulada o ano inteiro. Sempre faço meu check-up, e acredito que todas as mulheres deveriam também fazê-lo. É importante que o câncer do colo uterino seja atestado em sua fase prematura porque, quanto mais cedo, maiores serão as chances de cura, fertilidade, bem como de saúde da mulher em vários aspectos”. (Ana Caroline Rodrigues, historiadora, 31 anos, Brasília-DF)

“A prevenção é sempre o melhor caminho porque, depois que se obtém um resultado positivo, tudo fica sempre mais complicado. Eu perdi uma tia para esta doença e tudo foi muito triste e sofrido. Então, é importante essa conscientização porque muitas mulheres estão perdendo suas vidas. Além de me prevenir, também tento passar informações para todas as pessoas que eu conheço”. (Elaine Mota, autônoma, 40 anos, Salvador-BA)  *Agência Senado

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