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Guerra ao terror continua 15 anos após atentados de 11/9 nos EUA


Os Estados Unidos lembram neste domingo (11) os 15 anos dos atentados de 11 de setembro, os piores da história americana. A principal cerimônia acontece em Nova York, no Ground Zero. Ao todo, os ataques com aviões comerciais coordenados pela rede Al Qaeda, deixaram quase 3.000 mortos. Quinze anos após os ataques que traumatizaram os Estados Unidos e o mundo, a guerra ao terror continua.

A cerimônia no memorial de Nova York terá a leitura dos nomes das 2.753 vitimas dos ataques contra as torres gêmeas do World Trade Center. Os dois candidatos à eleição presidencial americana de novembro, a democrata Hillary Clinton e o republicano Donald Trump participam da homenagem.

Outra cerimônia, com a presença do presidente Barack Obama, acontece no Pentágono, na periferia de Washington, que também foi alvo dos ataques coordenados da rede Al Qaeda. Os atentados de 11 de Setembro provocaram a “guerra global ao terror”, lançada pelo então presidente dos Estados Unidos, George W. Bush. Eles abriram uma era de instabilidade, agora atualizada com "terrorismo jihadista", e caos, principalmente no Oriente Médio.

Política de Obama

Especialistas consultados pela AFP destacam que o presidente Barack Obama, no poder desde janeiro de 2009, se recusou a adotar um intervencionismo militar desenfreado nas guerras do mundo árabe e tentou reconciliar a América com os países muçulmanos. No entanto, ele deixa os Estados Unidos em um estado de conflito permanente contra o "terror" islamita, ou seja, deixa um legado misto nessa área.

O democrata encerra seu mandato em janeiro do ano que vem e ficará como o presidente que tirou o país do Iraque e do Afeganistão - conflitos deflagrados por seu predecessor republicano, George W. Bush, em resposta aos atentados.

"Contrariando suas preferências, a ameaça do terrorismo islamita levou o presidente Obama a se engajar militarmente mais uma vez no Iraque, e também na Síria e na Líbia", apontou Tamara Cofman Wittes, diretora do Centro de Políticas para o Oriente Médio da Brookings Institution, um prestigioso think tank com sede em Washington.

Apesar disso, "mesmo 15 anos depois do 11 de Setembro, as guerras no Oriente Médio, a proliferação do grupo Estado Islâmico (EI), a radicalização online e os atentados na Europa e na América impedem de enterrar o paradigma da 'guerra mundial contra o terrorismo'", escreve Tamara no site do Fórum Econômico Mundial.

De fato, a primeira potência mundial continua militarmente engajada em diferentes conflitos: na Síria e no Iraque, contra o grupo EI; no Afeganistão; na Líbia; no Iêmen; na Somália; ou na Nigéria, combatendo várias insurreições islamitas.

Nova estratégia militar americana

"O pensamento do governo Obama era que grandes guerras pioram as coisas", explicou à AFP o pesquisador sênior Hussein Ibish, do Arab Gulf States Institute, de Washington. O país adotou uma nova estratégia com o uso cada vez maior de aviões não tripulados (os drones), com o envio de forças especiais e com a formação de Exércitos locais.

Segundo dados do Congresso dos Estados Unidos, o custo humano e financeiro dessa nova estratégia é mais limitado. Trata-se de um fator significativo, depois da morte de 5.300 soldados americanos, de outros 50.000 feridos e do montante de cerca de US$ 1,6 trilhão gasto no Iraque e no Afeganistão entre 2001 e 2014.

Essa política militar de Barack Obama atingiu seu ápice em maio de 2011, quando forças especiais mataram o responsável pelo 11 de Setembro e líder da rede Al-Qaeda, Osama bin Laden, em sua própria residência, no Paquistão.

Guerra sem fim

Para Ibish, porém, esse "uso limitado dos recursos" militares "se parece com uma guerra ininterrupta. É até mesmo mais do que uma guerra permanente, porque os recursos militares limitados não podem mudar em nada a instabilidade dos conflitos regionais. Aceita que o caos atual é insolúvel", acrescenta o analista.

Em relação à tragédia síria, por exemplo, nenhuma paz durável aparece no horizonte, apesar das intervenções militares e das tentativas diplomáticas de Estados Unidos e Rússia.

Um reengajamento armado americano de peso no Oriente Médio não está previsto nos programas dos dois candidatos à Casa Branca nas eleições de 8 de novembro - a democrata Hillary Clinton e o republicano Donald Trump. Para a pesquisadora americana Amy Greene, da Sciences-Po Paris, 15 anos depois do 11/9, "a resposta militar não é boa, porque o terrorismo não representa uma ameaça existencial para os EUA". Ela lembra que desde então "não houve um ataque em solo americano da mesma amplitude" que os atentados às Torres Gêmeas do World Trade Center.

Ameaça terrorista evoluiu

Neste sábado (10), o presidente Obama reconheceu que "a ameaça terrorista evoluiu", referindo-se aos "lobos solitários" nos Estados Unidos. "No Afeganistão, no Iraque, na Síria e além, combatemos sem descanso as organizações terroristas como a Al-Qaeda e o grupo Estado Islâmico", garantiu ele em uma mensagem ao país. "Vamos destruí-los e continuaremos a fazer tudo que estiver em nosso poder para proteger nosso país", prometeu.

Washington teme atentados mais rudimentares, realizados por islamitas locais radicalizados. O país já foi alvo de ao menos dois ataques como estes. Em junho, na Flórida, um americano de origem afegã matou a tiros 49 pessoas em uma boate gay. Em dezembro do ano passado, um ataque cometido por um americano de origem paquistanesa e sua mulher deixou saldo de 14 mortos, na Califórnia.

Frente à ameaça "terrorista", os Estados Unidos ampliaram um tentacular aparelho de vigilância e de Inteligência dentro do país e no exterior. O orçamento para a Agência Central de Inteligência (CIA), a Polícia Federal americana (FBI) e a Agência de Segurança Nacional (NSA) praticamente dobrou desde 2001.

Desde o Patriot Act (Lei Patriótica, em tradução literal) votado no Congresso logo após o 11/9 e "revalidado por Obama (...) os americanos aceitaram ceder uma parte de suas liberdades", criticou Amy Greene. Uma pesquisa do Pew Research Center revela que "40%" dos americanos temem que "terroristas tenham mais capacidade do que no 11 de Setembro para lançar um novo grande ataque aos Estados Unidos". Esse é o percentual mais alto já registrado desde 2002.

"O grupo EI convocou seus integrantes a atacar os cidadãos americanos (...) onde quer que estejam", advertiu o Departamento de Estado em nota divulgada neste sábado (10) sobre o risco "terrorista".

Por Redação GN | Fonte: RFI

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