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Metroviários decidem manter greve neste domingo em São Paulo

Foto: Helton Simões Gomes/G1
Metroviários decidiram, em assembleia realizada na noite deste sábado (7), manter a greve da categoria até a tarde deste domingo (8), em São Paulo. Eles devem se reunir novamente às 14h de domingo, depois que o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) concluir o julgamento da paralisação, previsto para as 10h.

O governo chegou a propor 8,8% de aumento, mas depois declinou da oferta, e manteve o valor de 8,7% de reajuste nesta sexta-feira (6). Os metroviários seguiram com pedido de aumento de 12,2%. "Não recebemos proposta nova do governo. Sinceramente, isso é birra do governador [Geraldo Alckmin]. Acho que é hora do governador ser governador de verdade e negociar", disse o presidente do Sindicato dos Metroviários, Altino Melo dos Prazeres.
Plano de contingência

Na tentativa de minimizar o impacto da greve, o Metrô colocou em prática um plano de contingência.

Supervisores e funcionários foram remanejados para manter o sistema em funcionamento em determinados trechos das linhas 1, 2 e 3 nestes três primeiros dias da greve. Neste sábado, o sistema deve operar até 23h.

Linhas de ônibus também foram mobilizadas para transportar os passageiros nos trechos onde a circulação foi paralisada. A Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) também adotou uma operação especial na tentativa de auxiliar os usuários do Metrô.

Carta para a Fifa

Segundo Altino, os metroviários vão enviar uma carta para a Fifa e para a presidente Dilma Rousseff. "Queremos que intercedam junto ao governador Geraldo Alckmin para que se abra um canal de negociação. "A Fifa, como uma empresa que está promovendo a Copa do Mundo, tem o maior interesse de ter todos os problemas resolvidos. Esperamos que a Fifa pressione o governador Alckmin."

Durante a assembleia, o presidente do Sindicatos dos Metroviários disse que a categoria tem tem medo de que ocorram demissões por causa da paralisação. "Não queremos prolongar essa greve até segunda-feira (9) e por isso esperamos uma proposta do governo."

Negociações

Altino, diante da postura dos representantes da companhia, disse que não abriria mão do aumento de dois dígitos, participação nos lucros e resultados (PLR) igualitária, periculosidade para uma parte dos funcionários e catraca livre, como proposto na quinta-feira, na audiência de conciliação. "Estamos tristes", afirmou Prazeres. “A gente quer o aumento de dois dígitos como o Haddad deu, de 10%, para os motoristas”, defendeu o sindicalista.

Segundo ele, a intenção ainda é chegar a uma decisão negociada. “Não sei nem se vamos passar de domingo, muito menos chegar à Copa. Nosso interesse não é acabar com a Copa. Não quereremos criar esse problema para o país nem para os jogadores nem para a população. Nós queremos o nosso direito.”

Rafael Pugliese, desembargador que presidia a sessão, chegou a propor índice de 9%, mas o Metrô não aceitou. O impasse entre Metrô de São Paulo e funcionários da companhia quanto ao aumento de salário provocou funcionamento parcial das composições nesta sexta-feira, segundo dia de greve. Os metroviários pedem um reajuste que, segundo o governo, é muito superior ao que pode pagar.
Propostas

Inicialmente, os metroviários pediram 35,47% de aumento, passando para 16,5%. Na quinta-feira (5), durante audiência no Tribunal Regional do Trabalho (TRT), o valor diminuiu para 12,2%. Nesta segunda reunião, eles mostraram intenção de reduzir o valor, mas afirmam que não vão abrir mão dos benefícios e da mudança no valor da PLR.

No julgamento da greve, os quatro processos envolvendo as partes serão analisados e votados. Participam da votação, os magistrados que compõem a Seção de Dissídios Coletivos, órgão responsável por decidir questões envolvendo dissídios de greve e econômicos.

O desembargador Rafael Pugliese afirmou que se empenhará para concluir os trabalhos em tempo, porém, ressaltou que as defesas apresentadas pelas partes só foram protocoladas por volta das 18h, enquanto acontecia a reunião. "Elas somam mais de 1,5 mil páginas que nós vamos ter que nos desdobrar entre a madrugada e o sábado para ler e preparar um estudo sobre isso. É um julgamento complexo", avaliou.
Transtornos

Sem acordo na audiência de conciliação, a Justiça manteve a decisão anunciada na quinta-feira e determinou que os metroviários garantissem 100% da operação em horários de pico, entre 6h e 9h e das 16h às 19h, e 70% nos demais períodos, sob pena de multa diária ao sindicato de R$ 100 mil.

A medida, entretanto, não foi cumprida pelos grevistas. Passageiros enfrentaram filas na saída e no retorno para casa nesta sexta. Com chuva e paralisação e a suspensão do rodízio municipal de veículos, a cidade teve um pico de 251 km de lentidão às 10h30 desta sexta-feira. A partir do horário, o trânsito começou a baixar, e alcançou 228 km, às 11h. Às 9h desta sexta, o índice bateu pelo segundo dia seguido o recorde de lentidão da manhã, com 214 km. Na quinta-feira (5), primeiro dia da greve do Metrô, a capital teve um pico de 209 km às 9h30.

Com a continuação da greve, muitos passageiros precisaram encontrar meios alternativos de voltar para casa. O soldador Thiago Borges, de 30 anos, mora na Vila Industrial e preferiu utilizar o ônibus. "Eu iria pegar a Linha 3-Vermelha até a estação Pedro II. Agora, vou ter que dar um jeito de ônibus, mesmo.

Ontem, eu tive que pegar cinco (ônibus) para voltar. Vai demorar muito mais, mas eu chego", afirmou.
Laila Cristina, de 31 anos, e seu marido Failo Lima, de 34 estavam com a filha de sete meses e iriam embarcar na estação Palmeiras-Barra Funda, na Linha 3-Vermelha, e fazer a baldeação na Sé, para a Linha 1-Azul. "Não sabemos ainda o que fazer. Os ônibus estão muito lotados e os taxistas vão cobrar muito caro", conta Laila Cristina.

Maria Inácio, de 68 anos, e seu marido, Jamar Mirkam, de 61, estavam no terminal Barra Funda e precisariam utilizar a Linha 3 – Vermelha para voltar para casa. Eles contam que não sabiam da greve. "Nós não sabíamos de greve nenhuma. Agora, não sabemos o que fazer para chegar em casa", afirma Maria Inácio.

O comércio também foi prejudicado. Na lanchonete na estação Jabaquara, na Linha 1 – Azul, onde trabalha Sônia Simões, a venda foi ao menos 95% menor. "Nosso trabalho agora é quase só dar informação aos poucos que chegam aqui sem saber que fechou", diz. Fonte: G1