Apenas 14% das crianças baianas entre 3 e 4 anos tomaram a primeira dose contra a Covid-19. A pouca adesão e a entrega reduzida das doses da vacina Coronavac em alguns municípios são fatores apontados como responsáveis pelos baixos índices de vacinação no estado, sendo piores no interior baiano.
A Bahia possui uma estimativa de 410 mil crianças na faixa etária de 3 e 4 anos. “Somente 60 mil tomaram a primeira dose”, aponta Vânia Rebouças, coordenadora do Programa Estadual de Imunização do Estado.
“Mas também não adianta mandar 600 mil doses com vencimento próximo porque a gente também sabe que tem uma adesão baixa das crianças. Então, a gente tem recebido remessas gradativas”, explica a coordenadora. Atualmente, somente 5% desse público fez uso das duas doses.
De acordo com a Secretaria de Saúde do Estado (Sesab), a Bahia recebeu somente uma remessa de 71 mil doses, sendo necessárias 820 mil para vacinar todo o público-alvo dessa faixa. Dessa forma, muitos municípios já não dispõem de doses suficientes para a continuidade da vacinação dessas crianças.
“O que o estado teve o cuidado de fazer foi garantir a distribuição das remessas dos estoques disponíveis e distribuir para os 417 municípios baianos”, diz.
“A gente fez remanejamento interno para que todos os municípios pudessem ter uma cota da CoronaVac, mas é uma proporção que não atende nem metade. Todos os municípios receberam algum quantitativo, mas claro que inferior à sua necessidade”, relata a coordenadora.
A Sesab observa ainda que a baixa procura e as baixa cobertura vacinal no público infantil não têm uma relação isolada com o abastecimento irregular de Coronavac, já que a baixa cobertura é percebida em outras faixas etárias para as quais existem imunizantes disponíveis, como a Pfizer pediátrica, voltada para a população de 5 anos a 11 anos.
O imunizante também está entre os que devem ser distribuídos pelo Ministério da Saúde, como afirma Vânia. “Teremos em breve. O Ministério já está se organizando para distribuir para o país 1 milhão de doses de Pfizer pediátrica para a população de 6 meses a dois anos de idade”.
Os pedidos de Coronavac também já foram enviados ao MS para atender a demanda da faixa etária dos 3 a 4 anos. “Eles ainda não fecharam data de previsão em relação à Coronavac. Estamos todos na expectativa, mas eles não assumiram compromisso de data”, conta Vânia.
O cenário faz parte de uma situação vivida em outras partes do país, que hoje conta com apenas 15% das crianças da faixa etária em questão vacinadas com a primeira dose, segundo o Ministério da Saúde.
Em Pernambuco, a vacinação do público dessa idade foi suspensa, na última segunda-feira, após o MS não enviar novas remessas do imunizante.
A coordenadora ainda aponta o que é necessário para combater o baixo engajamento na campanha. “A gente também precisa de tempo para sensibilizar muitos pais que estão com resistência de levar seus filhos à vacinação. Hoje, eu tenho ainda 350 mil crianças que não foram vacinadas nem com a primeira dose com a vacina contra a Covid-19, crianças na faixa etária de 3 a 4 anos de idade”.
Em Salvador, o abastecimento está normal, garantindo a 2ª dose para o público alvo. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, não há perspectiva de falta na capital. Foram aplicadas quase 10 mil primeiras doses e pouco mais de 4 mil segundas doses no público infantil da faixa etária em questão. *A Tarde
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