Com a confirmação do primeiro caso de varíola do macaco na Bahia nesta quarta-feira (13), as secretarias de Saúde dos municípios baianos já começaram a pôr em prática orientações para evitar um surto do vírus no estado. Em 1º de julho, o Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde (Cievs) de Salvador recebeu um alerta do hospital São Rafael, responsável pelo atendimento de um caso suspeito. Um homem de 32 anos, residente em Salvador, apresentou febre alta súbita e lesões na pele em 22 de junho, após contato com suspeito de outro estado. A confirmação do diagnóstico veio na noite de terça-feira (12).
Desde o início do mês, o paciente se encontra em isolamento domiciliar e com quadro estável. O São Rafael informou que o homem recebeu todos os cuidados com os protocolos que o caso exige e teve alta médica. O procedimento de notificação faz parte do protocolo da Secretaria Municipal de Saúde de Salvador (SMS) para casos da varíola do macaco.
De modo similar, a instrução da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab) é de que o paciente que apresentar sintomas busque uma unidade de emergência que, por sua vez, deve notificar o Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs) nacional e orientar o isolamento do paciente. A pasta estadual informou que emitiu alerta e as unidades estão sensíveis para notificar casos suspeitos.
“É preciso montar estratégia para fazer diagnóstico. Muitos municípios não têm estratégia montada, precisam ter treinamento dos profissionais para que possam fazer diagnóstico, encaminhar ao Lacen [Laboratório Central de Saúde Pública] e orientar a população ao isolamento durante 21 dias”, recomenda Antônio Carlos Bandeira, médico da vigilância epidemiológica da Sesab.
Segundo Bandeira, as cidades encaminham as informações para o estado, que intermedia o contato com a Fiocruz do Rio de Janeiro, responsável por proceder o exame específico e retornar o resultado à unidade federativa.
A orientação da instituição na capital é de que pessoas com sintomas busquem uma unidade de urgência e emergência e façam isolamento. Assim como é recomendado que o profissional de saúde notifique a ocorrência no site da SMS: www.cievs.saude.salvador.ba.gov.br.
A diretora de Vigilância à Saúde, Andréa Salvador, conta que a investigação do caso começa a partir da notificação da unidade de emergência. Coletas de amostras para confirmação da suspeita e monitoramento de contatos que o paciente teve nos últimos dias fazem parte do procedimento na capital. O uso da máscara e higienização das mãos também são estimulados como forma de prevenção geral, sobretudo, na fase de sintomas da doença.
Outros municípios
Embora o primeiro caso tenha ocorrido na capital, especialistas alertam que cidades do interior também precisam estar atentos à propagação do vírus. As secretarias de Feira de Santana, Vitória da Conquista e Lauro de Freitas disseram não ter recebido alertas da Sesab. No entanto, todas afirmaram que as equipes do setor estão em sobreaviso sobre o caso.
A Secretaria Municipal de Saúde de Vitória da Conquista, terceira cidade mais populosa da Bahia, ainda afirma que a rede municipal de saúde está preparada “para proceder ao isolamento e seguir com as devidas intervenções e providências” para doenças como a varíola do macaco.
Já a Secretaria Municipal de Saúde de Lauro de Freitas (Sesa) diz que está elaborando um plano de enfrentamento à varíola dos macacos. A princípio, orienta para cuidados já conhecidos no combate à covid-19, a exemplo da higienização frequente das mãos, evitar locais aglomerados, uso de álcool em gel e máscara.
A reportagem entrou em contato com outros municípios que registram maior número de habitantes no estado, como Camaçari, Juazeiro e Itabuna, mas não recebeu retorno com orientações.
Vacinas
O Ministério da Saúde avalia comprar vacinas contra a varíola do macaco para evitar um surto no país. A vacinação contra a doença já acontece em outros países, como Estados Unidos, Inglaterra e Canadá para grupos prioritários, ou seja, quem teve contato com pessoas infectadas ou são profissionais da saúde.
A imunização no Brasil, no entanto, ainda não tem data certa para ocorrer. Infectologista na SMS de Salvador, Adielma Nizarala explica que neste momento não há indicação de vacinação em massa, como se faz para a covid-19 por exemplo, tanto pela quantidade de casos, como porque o país não adquiriu ainda a vacina.
Apesar do estoque zerado no Brasil, o ministro da Saúde, Marcelo
Queiroga, disse que está trabalhando com a Organização Pan-Americana da
Saúde para monitorar a situação. Já o Instituto Butantan criou comitê
para avaliar a produção de vacina contra a doença. *Correio
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