Foram exatos dois anos longe de um bom arrasta pé. O frio do inverno dos baianos e turistas, ficou ainda mais sombrio. O tradicional quentão que esquentava os casais apaixonados esfriou e perdeu o gosto. A fogueira, que também ajudava a aquecer quem se reunia com familiares e amigos, se apagou e deixou um ‘Q’ de saudade. O São João teve de ser cancelado em todo o Brasil para dar ênfase aos hospitais de campanha para tratamento da Covid-19 que, por sinal, ficaram lotados de vaqueiros, donos de barracas do beijo, além das rainhas do milho.
Por volta de maio, início de junho de 2020, os amantes do São João começaram a sentir a sensação de trsiteza de ter uma das maiores festas do Nordeste sendo cancelada após o aumento considerável do coronavírus no país. Cerca de dez cidades, na época, decretaram o cancelamento em virtude da quantidade de mortos e infectados. Pouco depois, o governador do estado, Rui Costa, cancelou completamente o festejo junino.
E assim permaneceu em 2021. Nem os apaixonados pelas festas privadas que ocorrem todos os anos nos interiores da Bahia pegaram a estrada rumo ao prazer das folgas de Junho. No quesito política, a Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), vinculada à Secretaria Estadual do Planejamento (Seplan), informou que o estado deixou de arrecadar R$ 79 milhões de ICMS.
Entretanto, com a chegada da vacina e a imunização em massa, mesmo com a demora do Governo Federal em comprar as doses e distribuir aos estados, várias festas foram sendo liberadas gradativamente. Em um certo momento, a quantidade de pessoas nos eventos foi oscilando. Às vezes 3 mil, logo depois caia para 1,5 mil. Novamente subia para o dobro e, a partir do último decreto do governador, todo mundo agora pode apreciar as festas sem limite de público.
Visto isso, a reportagem do BNews procurou algumas prefeituras para saber o posicionamento em relação aos festejos juninos, já que o gestor estadual deu carta branca para a quantidade de público nas festas, após os números da Covid-19 terem diminuído rapidamente depois do cancelamento do Carnaval de Salvador, quando ainda estava com uma porcentagem relativamente alta. Confira abaixo a lista de cidades e seus posicionamentos:
Confirmado:
A 186 km de Salvador, a cidade de Riachão do Jacuípe tem mexido os pauzinhos para preparar o São João para os mais de 33 mil habitantes, além dos turistas que devem chegar aos poucos.
O prefeito Carlos Matos (DEM) revelou, com exclusividade ao BNews, que uma das bandas que irá tocar no município durante o festejo junino será Calcinha Preta. “A expectativa é de mais de 100 mil pessoas. Os gastos devem ser em torno de R$ 1, 5 milhão, além dos recursos próprios. Estamos buscando parcerias”, disse o gestor. O evento está marcado para acontecer entre os dias 22 e 26 de junho.
Já em Cachoeira, a 110 km de Salvador, o São João vai acontecer, porém, pelos modos tradicionais e frisando os artistas locais. A informação foi passada pela prefeita Eliana de Jesus (Republicanos). Para ela, o momento é de “fortalecer os filhos da terra”.
“Vamos ter atrações a nível de estado e nacional, estamos fechando a grade. Não existe investidores, (…) eu não tenho um balanço [do investimento da prefeitura], mas a economia será aquecida, porque as pessoas que têm trabalho informal, vão colocar mercadorias e o dinheiro vai circular pelo comércio de Cachoeira”, disse a gestora que ainda comentou que pretende receber em torno de 60, 70 mil pessoas entre os dias do festejo”.
Esperando o aval do governador Rui Costa:
Uma das cidades mais buscadas pelos soteropolitanos, tanto por ser considerada a cidade do São João, quanto por ter as maiores atrações, Amargosa ainda não liberou informações completas sobre a festa. Através da assessoria do município, o prefeito Júlio Pinheiro (PT) espera o posicionamento das autoridades acima para a confirmação.
“Seguimos com o planejamento do evento para realizarmos a melhor festa junina do Brasil, mas estamos aguardando definições sanitárias para confirmar ou não a realização do festejo”.
Já na cidade de Conceição de Jacuípe, mais conhecida como Berimbau, Região Metropolitana de Feira de Santana (RMFS), a cerca de 97 km de Salvador, a prefeita Tânia Marli Yoshida (PSD) afirmou, também através da assessoria, que não iria informar as atrações e outros questionamentos que o BNews fez sobre a possibilidade de ocorrer o festejo.
“A gente não tem autorização no momento de informar sobre nada do São João, mas vai acontecer o arraiá após o decreto. Mas a gente não tem nada definido, data, artistas… Ela [prefeita], em breve, vai fazer a divulgação em todas as redes sociais. Mas no momento, não temos autorização para isso”, disse o assessor.
A cidade de Ibicuí, que é sede de uma das maiores festas privadas do São João, o Forró do Sfrega, também se posicionou sobre o festejo. O prefeito do município, Marcos Galvão de Assis (PSD), informou que já começou o planejamento do evento, porém, ainda está avaliando a realização.
“Agora só aguardando a confirmação do mesmo, e da Sesab, para avançarmos nos ajustes finais”, disse. “Só avançaremos com nomes e contratações depois da liberação definitiva [do governador]”, prosseguiu.
A 375 km de Salvador, a cidade de Senhor do Bonfim, outro município bastante tradicional pelo São João, também espera a confirmação do gestor estadual para ocorrer o arrasta pé.
O secretário de Cultura de Senhor do Bonfim, Weslen Aquino, afirmou que está esperando o aval de Rui Costa para soltar a programação que, por sinal, já está planejada há bastante tempo.
“O município espera investir em uma média de R$ 2 milhões a R$2, 5 milhões. A gente espera receber um número muito grande de turistas, [porque] a gente também tem uma festa muito tradicional. A gente promete trazer grandes atrações e tenho certeza que essa parceria junto do público e privado vai fortalecer muito mais o nosso o nosso São João”, falou.
Sem posicionamento:
A reportagem entrou em contato por diversas vezes com a assessoria da prefeitura de Santo Antônio de Jesus, mas até o fechamento desta matéria, não houve resposta.
O BNews também perguntou para a assessoria do governador Rui Costa sobre o assunto e, por mensagem, afirmou que, apesar do comentário sobre a possível liberação, ainda não há nenhuma novidade aparente.
“Não há ainda nenhuma novidade sobre este assunto. Depende da decisão do governador, a partir da avaliação com a área de saúde. Vamos aguardar para ver como ele se pronunciará nos próximos dias”.
Não vai ocorrer São João:
Enquanto algumas cidades estão esperando a confirmação do governador para seguir adiante com os preparativos, um município não fará o São João. A informação foi dada pela prefeita de Itiruçu, Lorenna Di Gregório (PSD), ao BNews.
Em conversa à reportagem, a gestora afirmou que a cidade não tem recursos financeiros para arcar com uma festa tão grande no momento, visto que o caixa da prefeitura está em uma crise financeira. Lorenna ainda reforçou que está mais focada “para o momento do pão, do que o momento do circo”.
“Realmente a gente não tem previsão de realizar festejos juninos este
ano, não por conta da pandemia, mas por conta de toda situação
logística relacionada a crise financeira, que não só nossa cidade passa,
quanto o país”, iniciou. É um município pequeno, cerca de 3 mil onde
vive praticamente do fundo de participacao dos municipios e também no
ICMS, não temos fábricas, não temos outras rendas, como minérios,
extração, enfim, a dificuldade financeira hoje para pagar e fazer com
que o município onde normalmente já é uma dificuldade muito grande”,
finalizou. *BNews
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