As previsões do Climatempo apontam chances baixas do fenômeno se
estender ainda para estados como o Tocantins e Bahia, devido à estiagem
prolongada e à probabilidade de tempestades com ventos de até 90
quilômetros por hora. No entanto, a tendência é que a incidência do
fenômeno diminua com o início do período de chuvas.
Os
moradores de municípios no noroeste paulista, Triângulo Mineiro, Mato
Grosso do Sul, Goiás e Maranhão foram surpreendidos com tempestades de
poeira registradas nas últimas semanas. A combinação do solo seco e
fortes ventos têm causado o fenômeno - considerado pelos climatologistas
de grandes proporções. As regiões atingidas estão entre as que foram
pior avaliadas no monitoramento de secas da Agência Nacional de Águas
(ANA) de agosto.
As tempestades de poeira costumam ocorrer em
dias extremamente quentes após um longo período de estiagem, quando os
fortes ventos que indicam o primeiro período de chuva acabam levantando a
poeira acumulada na superfície.
“Os primeiros vinte de setembro foram muito quentes e muito secos, o
que favoreceu para que evoluísse dessa forma. Mas por esses próximos
dias as chuvas já amenizam a ocorrência, porque elas mantêm o solo mais
pesado e a poeira fica retida na superfície”, ressaltou Andrea
Malheiros, meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
Segundo
o meteorologista do Inmet, Olivio Bahia, este fenômeno é comum
principalmente na região central, entre o sudeste até o sul do Pará.
“São áreas mais abertas que passam um período longo de estiagem e quando
essas tempestades atingem podem provocar esse tipo de fenômeno, então
grande parte do Brasil está sujeita a este tipo de fenômeno”, afirmou.
O
Monitor de Secas registrou seca excepcional no noroeste paulista e no
Triângulo Mineiro. A seca mais severa na escala do monitor foi
registrada em agosto. De acordo com a ANA, o indicador não realiza a
análise de públicos impactados pelo fenômeno, mas identifica sua
abrangência, severidade e tipo de impacto. “A seca pode se expandir,
caso os indicadores do fenômeno sejam verificados, assim como pode
recuar sobretudo com chuvas e aumento das afluências”, destacou em nota.
Estudos como o relatório do Painel Intergovernamental sobre
Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), das Nações Unidas, que
avalia os impactos e os riscos futuros do aquecimento global, já haviam
demonstrado que episódios como esses, antes registrados geralmente em
períodos de seca de forma pontual todos os anos, se tornaram cada vez
mais frequentes e evidentes. O desmatamento e o modelo agrícola aumentam
o risco do fenômeno, já que muitos agricultores deixam os solos nus
para plantar no início das chuvas.
Morador de Guararapes, no
interior de São Paulo, Adriano Veanholi viu a nuvem de poeira se
aproximar da sacada do seu apartamento de onde registrou o momento. “Na
hora a sensação foi de pavor, eu nunca tinha visto algo daquele tipo”,
relatou. Segundo ele, o fenômeno durou cerca de meia hora, o que foi o
suficiente para deixar estragos pela cidade, como placas arrancadas e
casas destelhadas.
Como se proteger da tempestade de areia
Ao
menos quatro pessoas morreram e seis ficaram feridas durante as
tempestades de poeira que atingiram o interior de São Paulo na última
sexta-feira (1º). Segundo o Inmet, as rajadas que levantaram nuvens
densas de poeira em várias regiões do interior atingiram mais de 80
quilômetros por hora. O meteorologista do instituto destacou que, ao
presenciar um fenômeno como esse, a primeira coisa a se fazer é ficar em
local fechado enquanto a nuvem de areia passa.
“As pessoas
principalmente nas ruas podem se proteger se abrigando em um local
seguro já que os fortes ventos podem suspender pedaços de galhos que
podem provocar algum acidente”, disse Olivio Bahia. Como os ventos das
tempestades levantam mais do que areia, os objetos no ar também podem
ser perigosos, por isso o indicado é ficar maior próximo ao chão,
protegendo o rosto para evitar a inalação de poeira.
No caso dos
agricultores, o meteorologista afirmou que é bastante difícil
resguardar as plantações deste tipo de fenômeno. “A depender da cultura,
os agricultores podem ter prejuízos, já que podem ser prejudicados em
função dos fortes ventos que atingem as plantações.” *Brasil 61
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