No final de "A Culpa É das Estrelas", filme de 2014 que alçou Shailene Woodley ao estrelato, sua personagem encontra uma folha de papel com uma declaração de seu namorado. Mas aquela não foi a última carta de amor que a atriz recebeu. Na verdade, ela é a destinatária de muitas e muitas correspondências no novo filme que protagoniza, lançado nesta sexta na Netflix.
"A Última Carta de Amor" é outra adaptação de um romance best-seller. Dessa vez, quem assina a história é Jojo Moyes, que esteve por trás de "Como Eu Era Antes de Você".
De "A Culpa É das Estrelas" até hoje, muita coisa mudou na vida de Woodley, mas uma delas segue intacta -ela detesta a fama. Ama atuar, é verdade, mas gostaria que o trabalho no cinema e na TV não viesse acompanhado da vida de celebridade, algo que ela vislumbrou quando tinha apenas sete anos e gravava seu primeiro filme.
"Nada mudou, eu ainda não quero fama. Para mim, tudo sempre se resumiu a atuar, à arte, à experiência. É por isso que eu tinha um sentimento avesso à fama e continuo tendo agora", diz a atriz, hoje aos 29 anos, por telefone. "Mas poder atuar compensa a fama que vem junto."
Woodley chegou a um ponto da carreira em que já foi indicada ao Emmy, após contracenar com Nicole Kidman e Meryl Streep em "Big Little Lies", foi o rosto de uma franquia adolescente em "Divergente", fez amizade com George Clooney no set de "Os Descendentes" e esteve no recente "O Mauritano" ao lado de Jodie Foster.
Dez minutos antes da conversa dela com a reportagem, a emissora americana Showtime anunciou que a atriz seria a protagonista da aguardada "Three Women", adaptação em seriado do livro "Três Mulheres", de Lisa Taddeo.
"Sempre que eu recebo a oportunidade de participar de um projeto, esse papel acaba sendo um reflexo de onde eu me encontro na minha vida. Nesse ramo, nossas carreiras são como espelhos que se relacionam com as nossas experiências naquele momento", diz.
O romântico "A Última Carta de Amor", inclusive, chega poucos dias depois de Woodley falar pela primeira vez sobre seu noivado secreto com o jogador de futebol americano Aaron Rodgers.
No novo filme, acompanhamos uma moça londrina, vivida por Felicity Jones, que vasculha os arquivos do jornal onde trabalha e encontra uma série de cartas dos anos 1960, nas quais dois amantes se declaravam de forma apaixonada e proibida. A última delas sinalizava uma fuga, que a jornalista decide descobrir se deu certo.
Essa história se alterna com a da personagem de Woodley, Jennifer Stirling. Presa a um casamento por conveniência em 1965, ela acidentalmente conhece o grande amor de sua vida -mas aqueles eram tempos ainda mais machistas, e o divórcio não era uma opção para uma socialite americana isolada na sociedade inglesa daquela década.
"Os desafios que as mulheres enfrentam hoje em dia, na maioria dos países, nem se comparam ao que elas sofriam nos anos 1950 ou 1960. Minha personagem vivia num mundo em que ela não podia se divorciar, fazer uma escolha, se empoderar e cuidar de si mesma. É importante contarmos essas histórias para vermos o quanto avançamos", diz ela.
"Eu acredito que quanto mais relevantes e presentes as mulheres forem no mundo do cinema, mais mudanças acontecerão e mais meninos e meninas vão crescer com a percepção de que somos iguais."
E ela manda seu recado na tela em meio a uma bela direção de arte, que mostra uma Londres vintage e romantizada, com direito a uma viagem à charmosa Riviera Francesa.
Figurinos elegantes e belíssimos a acompanham em todos os cantos. Esse é outro fator que compensa a fama da qual Woodley parece tanto desgostar -a oportunidade de ser transportada para outras épocas, algo que ela diz ter sido divertido.
A atriz espera poder passar esse
sentimento para o público, num filme que descreve como "uma trama que
vai esquentar a barriga de todos, do jeito que uma torta de maçã faria".
Questionada se ela própria é uma pessoa romântica, ela é assertiva.
"Sim, o amor é o tipo de coisa que vai prevalecer se o seu coração
realmente desejar". *Folhapress
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