O interesse de Keno Machado pelo boxe surgiu despretensiosamente, mas se tornou coisa séria e lhe garantiu passagem para ir até o outro lado do mundo. O jovem pugilista criado em Conceição do Almeida, no Recôncavo Baiano, é um dos sete representantes do boxe brasileiro nas Olimpíadas de Tóquio. Ele irá competir na categoria até 81 quilos e pode fazer com que a Bahia, pela segunda Olimpíada seguida, ganhe uma medalha no esporte.
Também conhecido como Keno Marley, leva o segundo nome como referência ao famoso cantor de reggae, o que surgiu como uma ideia do irmão Diego. “Ele gostava muito de Bob Marley, da ideologia, e quando Diego sugeriu, minha mãe gostou do nome”, revela o atleta de 20 anos. Nascido em Sapeaçu, também no Recôncavo, e criado ao lado dos três irmãos mais velhos em Conceição do Almeida, Keno é atleta da seleção olímpica desde 2018, ano em que conquistou a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos da Juventude. A trajetória no esporte começou alguns anos antes disso – uma década atrás, para ser mais específico.
Caminho até Tóquio
A influência dos irmãos na vida de Keno é evidente. Se um deles foi quem o batizou, outro foi diretamente responsável pela entrada no boxe. Em 2011, quando tinha 11 anos de idade, o baiano fazia parte do movimento escoteiro na sua cidade e foi chamado pelo irmão para assistir a uma aula de boxe. “Ele fazia as aulas e comentava, via filmes, trazia o assunto para dentro de casa, e aí foi despertando interesse”, conta. Depois de assistir, Keno participou de uma aula experimental e nunca mais parou.
Se a entrada no esporte foi despretensiosa, o caminho continuou sendo, segundo ele. Inicialmente, treinava sem visar a nenhum grande objetivo, mas as lutas internas na companhia começaram a surgir e Keno começou a tomar gosto. Em 2013, recebeu o convite para participar do campeonato paulista pela equipe Tony Boxe e saiu vencedor. O bom resultado no torneio ajudou na decisão de se mudar para a maior cidade do país no fim daquele mesmo ano.
Seleção olímpica
O baiano continuou a subir degraus na modalidade e foi conseguindo resultados cada vez mais relevantes. Em 2016, no campeonato brasileiro, foi campeão na categoria Cadete e começou a chamar atenção da comissão técnica da seleção brasileira olímpica. Foi em 2017 que veio a primeira convocação para a equipe juvenil e em 2018 a verdadeira consolidação.
“Tive um ano muito bom”, relembra o garoto. Em Buenos Aires, capital argentina, Keno subiu ao lugar mais alto do pódio nos Jogos Olímpicos da Juventude. Naquela altura, competia na categoria até 75kg e venceu o argelino Farid Douibi. Foi apenas o segundo brasileiro da história a conseguir tal feito (David Lourenço foi campeão em 2010).
Consolidando sua presença na seleção adulta, da qual faz parte desde aquele mesmo 2018, representou o Brasil nos Jogos Pan-Americanos de Lima, no Peru, em 2019. Com 19 anos, chegou à final da categoria 81kg, a que está até hoje, contra Julio Cesar La Cruz Peraza, cubano campeão olímpico em 2016. O experiente lutador saiu vencedor da luta, e o Brasil ficou com a prata da categoria.
A medalha é motivo de orgulho para o lutador baiano. “Sabia que poderia ter bons resultados. Passei para a classe adulta em 2018, estava muito bem preparado e, no Pan, tinha convicção de que poderia chegar na final”, afirma.
Com os bons resultados conquistados ainda com pouca idade, o pugilista não deixa de reconhecer suas valências. “Sou um atleta que visa muito a técnica, porque sou muito alto, o que é uma vantagem na categoria. Aspecto técnico vai aprimorando a cada treino e acho que, por isso, posso fazer sim a final olímpica”, projeta um dos sete representantes brasileiros da modalidade. A classificação para Tóquio veio após o cancelamento do Pré-Olímpico das Américas, e o ranking passou a determinar quem iria para os Jogos no Japão. Keno foi um dos contemplados.
Sem querer projetar uma profissionalização por enquanto, o que fez Robson Conceição após ganhar o ouro olímpico em 2016, Keno deixa claro que o objetivo do ano é a Olimpíada, e que novas metas serão pensadas depois. “Será uma Olimpíada diferente, até pelo momento que o mundo vive, mas o fato de estar lá é muito importante. É um sonho de todo atleta olímpico”, relata. “Estou vivendo um momento muito bom no (boxe) olímpico, tenho bastante tempo, quem sabe uma segunda, terceira Olimpíada”, completa. *Correio da Bahia
FICHA
Nome: Keno Marley Machado
Idade: 20 anos
Modalidade: Boxe (categoria até 81 kg)
Cidade de origem: Sapeaçu/Conceição do Almeida
Olimpíadas disputadas: Nenhuma
Modalidade: Boxe (categoria até 81 kg)
Cidade de origem: Sapeaçu/Conceição do Almeida
Olimpíadas disputadas: Nenhuma
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