Em entrevista exibida nesta quarta-feira (14) pelo programa Conversa com Bial, a atriz paulista Gabriela Duarte falou sobre sua carreira, a política brasileira e o período em que sua mãe, Regina Duarte, assumiu a Secretaria Especial da Cultura.
"Uma coisa posso afirmar, nós somos muito diferentes em muitas coisas", afirmou Gabriela após ser questionada sobre o posicionamento político de sua mãe. "Eu entendo que exista uma associação, até mesmo pelo trabalho. É uma coisa que eu poderia ter feito o movimento de separação antes, talvez me expondo mais."
Pedro Bial, o apresentador do programa, da TV Globo, havia perguntado se ela acredita que Regina foi "perseguida por grande parte da classe artística" após afirmar que temia "uma vitória do PT", em 2002. Segundo Gabriela, o setor passou encarar sua mãe de outra maneira desde o episódio.
Quando Regina Duarte assumiu a Secretaria Especial da Cultura, em março do ano passado, após a de exoneração de Roberto Alvim –motivada pela emulação de um discurso nazista num vídeo oficial do governo–, sua família foi comunicada sobre a decisão, e não consultada, de acordo com Gabriela.
"Era um desafio que ela queria agarrar. Não tem que consultar os filhos e a família, tem que se comunicar. A partir disso, eu voltei para o meu lugar de filha", afirmou a entrevistada. "Eu não sou uma boa consultora."
Gabriela disse que o momento no qual sua mãe esteve no cargo foi "muito difícil" e chegou até mesmo a receber ameaças.
Segundo Gabriela, ela sofreu uma pressão pública enorme para que "apedrejasse a própria mãe em praça pública".
"Parece que estamos querendo dizer o óbvio. Não somos a mesma pessoa", enfatizou dizendo que, apesar das críticas, também recebeu muito apoio.
As atrizes Gabriela Duarte (à dir.) e Regina Duarte (à esq.) em bastidores da minissérie "Chiquinha Gonzaga", exibida em 1999 Alexandre "Foi um período muito difícil. Já não bastasse estar no período da pandemia, e ainda ter que lidar com isso. Recebi muitas ameaças, isso nunca me passou pela cabeça que seria possível."
Bial mostrou para Gabriela o vídeo em que Regina aparece ao lado do presidente anunciando sua saída da Secretaria Especial da Cultura, em maio. Nele, a ex-secretária diz sentir falta da família e que assumiria um cargo na Cinemateca Brasileira, o que não aconteceu.
Ao ver o vídeo, Gabriela coloca a mão no rosto e, depois, afirmou que sentiu alívio pela saída de sua mãe do governo.
"Foi um período muito turbulento, de muitas coisas. Um período que, de certa forma, nos afastou bastante, e não por uma questão ideológica, não é isso. Tem a ver com uma dinâmica muito complicada, de entrar ali [no governo]."
Quando questionada se sua mãe se arrepende de ter participado do governo Bolsonaro, Gabriela falou que não conversa sobre o assunto com ela.
Na entrevista, a atriz revelou ainda que anulou seu voto no segundo turno da eleição presidencial de 2018, ao contrário da mãe, que declarou apoio a Bolsonaro. No primeiro turno, Gabriela afirmou que votou em Ciro Gomes, o então canditado do PDT. Folhapress
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