A reprovação ao governo de Jair Bolsonaro atingiu 39,2% na semana de 14 a 18 de dezembro, segundo pesquisa do banco Modalmais e da AP Exata. As avaliações boas ou ótimas sobre o governo atingiram 33,7%, e as regulares foram de 27,2%.
O levantamento é feito com base em análise de sentimentos em interações públicas nas redes sociais. A base de dados, segundo os realizadores, é geolocalizada em 145 cidades de todos os territórios brasileiros. Nesta semana, as menções negativas ao governo superaram as positivas cerca de 20%."Os sentimentos de medo e tristeza se sobressaíram em publicações que mencionam o presidente e a confiança caiu para níveis muito abaixo dos habituais, não excedendo a faixa de 15% dos últimos dias", diz o relatório da pesquisa.
Vacina
O principal assunto da semana foi a apresentação do plano de vacinação contra a covid-19. Modalmais e AP Exata captaram uma amenização na retórica do governo. "As redes acreditam que a intenção seja retirar o protagonismo do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), comprovada pela hipótese de o governo comprar a vacina produzida pelo Instituto Butantan", diz o relatório.
A pressão por medidas restritivas, embora não por um "lockdown", também aumentou depois de o Brasil voltar a ultrapassar a marca das 1.000 mortes diárias. Sem apoio dos governistas e atacado por opositores, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, termina a semana enfraquecido, segundo os analistas.
Inflação
A inflação voltou a ser destaque negativo nas redes, embora o aumento de preços ainda seja mais associado aos efeitos da pandemia do que à atuação do governo. O reajuste do salário mínimo em 2021 para R$ 1.088 anunciado pelo governo foi considerado insuficiente.
O box do Relatório Trimestral de Inflação (RTI) que tratou da inflação de itens mais consumidos pelas famílias com renda entre um e três salários mínimos também foi alvo de críticas, pela percepção de que relacionou a inflação ao auxílio emergencial.
"No entanto, o estudo levou a ponderações de que a inflação está pesando muito mais no bolso dos mais pobres e deixará mais pessoas na miséria em 2021, sem auxílio emergencial e sem geração de emprego", diz o relatório.
Câmara
A avaliação sobre o deputado federal Arthur Lira (PP-AL) como candidato à presidência da Câmara é negativa tanto entre os internautas de esquerda, quanto entre os bolsonaristas. A leitura geral é de que deve haver uma adesão da esquerda, sobretudo do PT, a uma candidatura de Baleia Rossi (MDB-SP), considerado o nome mais forte para derrotar Lira.
Privatizações
A confiança de que o ministro da Economia, Paulo Guedes, é capaz de conduzir uma agenda de privatizações voltou a cair. A percepção é de que Bolsonaro é um dos obstáculos à venda das estatais. As declarações do presidente na Ceagesp foram vistas pelos internautas como um movimento de populismo em desafio a Doria. *Estadão Conteúdo
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