Quatro mil. Esta é a média anual, desde 2015, de objetos que entram ilegalmente nos presídios de todo o estado, segundo o Sindicato dos Servidores Penitenciários da Bahia (Sinspeb). Entre os materiais estão: facas, drogas e até aparelhos celulares. As unidades prisionais que mais têm apreensões desses objetos são as dos municípios de Vitória da Conquista e Jequié, além da Unidade Especial Disciplinar (UED), em Salvador.
Dando continuidade à série de reportagens sobre as problemáticas do sistema carcerário baiano, o Bocão News teve acesso a um relatório elaborado pelo Sinspeb e traz denúncias de agentes penitenciários sobre a entrada e circulação de armas e outros materiais ilícitos dentro das unidades.
Nesta quarta-feira (17), sete facões, 15 celulares, drogas, pen drives e cabos carregadores foram apreendidos apenas no Anexo 3, da penitenciária Lemos Brito, no bairro da Mata Escura, em Salvador.
O coordenador do Sindicato dos Servidores Penitenciários da Bahia (Sinspeb), Geonias Santos afirmou ao Bocão News que a falta de estrutura nos presídios é determinante para a entrada de objetos ilícitos nas unidades prisionais.
“O primeiro agravante é a pequena quantidade de agentes que tem nestas unidades. Em uma situação de revista às celas os presos escondem as drogas e armas dentro do vaso sanitário, ou fazem um tipo de ‘massa corrida’ com pó ralado do concreto misturado com sabonete e encobrem os entorpecentes dentro da parede com esta massa”.
Santos ainda explica que sem materiais simples como máscaras, luvas e bastões para ralar as paredes os agentes não conseguem procurar o que está escondido e, por isso, a quantidade de objetos que são apreendidos nas celas é inferior à quantia existente nas unidades carcerárias.
O sindicato esclareceu que devido ao baixo efetivo de agentes penitenciários, a cada revista feita nas celas, uma quantidade é retirada, mas é um processo de “enxugar gelo”, pois a quantia que retorna é grande. Atualmente, a Lemos Brito tem uma proporção de cinco agentes para 78 presos.
Geonias Santos ainda relatou como a maioria destes materiais entram nos presídios: “algumas unidades prisionais possuem muro baixo. Com isso, as pessoas de fora vêm pelas redondezas e fazem pacotes com drogas, celulares e facas e jogam por cima deste muro. Na maioria das unidades, o número de agentes é pouco e na Unidade Especial Disciplinar (UED), por exemplo, não há esse controle porque os encarregados ficam em portões que não dão visibilidade para estes pátios por onde as drogas entram”.
O delegado do Sinspeb Fernando Fernandes defendeu a classe afirmando que apesar das desconfianças de envolvimento de agentes não houve inquéritos nos últimos dez anos relacionados aos guardas neste tipo de crime.
Geonias Santos relaciona o aumento na entrada de drogas e objetos ilícitos à suspensão da revista íntima, que segundo ele, foi feita há mais de um ano, pela Secretaria de Administração Penitenciária (Seap). Leia mais aqui
Por redação GN | Fonte: Bocão News
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