Uma transferência complexa, envolvendo vários contratos, incluindo amistoso, prioridade em jogadores das categorias de base, acordo antes da final do Mundial de Clubes de 2011 e 40 milhões de euros repassados a empresa comandada pelo pai de Neymar é a origem da guerra sem fim vivida por Barcelona e Santos.
Já são pelo menos três ações na Fifa, uma movida pelo clube brasileiro contra o espanhol e Neymar e duas dos catalães em face do Santos.
Desde que Modesto Roma Júnior, presidente santista, foi à Fifa para questionar os valores da venda de Neymar, o Barcelona passou a examinar as cláusulas da negociação com lupa e a tomar medidas consideradas pelo Santos como retaliação. Além de Neymar, o imbróglio já envolveu Gabigol e Giva. A disputa ainda tem reflexos na política santista. A seguir, entenda melhor esse embate milionário e envolto em rancor.
Declaração de guerra
Em maio de 2015 o Santos interpôs uma demanda arbitral na Fifa contra Barcelona e Neymar para pedir indenização equivalente a diferença entre os 17 milhões de euros que cobrou para vender o jogador e 80 milhões de euros, que seria a quantia verdadeiramente desembolsada pelo Barcelona. No entender do clube brasileiro, o time espanhol e o pai do jogador montaram uma operação para beneficiar a família do jogador financeiramente em detrimento ao alvinegro. Barcelona e Neymar pai negam esse procedimento.
Contra-ataque
Sete meses após ser questionado na Fifa, o Barça deu o troco respondendo ao Santos que não pagaria bônus de 2 milhões de euros previsto em contrato pelo fato de Neymar ter sido finalista do prêmio de melhor do mundo dado pela federação internacional. Os espanhóis alegaram que se os santistas contestam o contrato de transferência, não podem exigir o cumprimento de cláusulas dele.
Gabigol
Em setembro deste ano, foi a vez de o Barcelona reclamar na Fifa de o Santos não ter dado o prazo de três dias, previsto em contrato, para os catalães responderem se exerceriam o seu direito de preferência e cobririam a oferta da Inter de Milão por Gabigol. A prioridade havia sido dada na venda de Neymar. Em carta endereçada ao Barcelona, o Santos deu um dia para o clube se posicionar, alegando que havia recebido a proposta dos italianos na véspera e que se esperasse três dias a janela de transferências se encerraria. Só que Gabriel já tinha feito exames médicos na Inter e se despedido na Vila Belmiro antes de a correspondência ser enviada.
Giva
O episódio mais recente é a queixa do Barcelona na Fifa pelo fato de o Santos, ao vender Neymar, ter dado preferência ao Barça na compra de Giva sem ser o dono majoritário dos direitos dele. O Santos detinha apenas 20% dos direitos econômicos do jogador, que acabou saindo do clube de graça. Agora, os espanhóis pedem na federação internacional que os brasileiros devolvam a quantia paga pela prioridade em Giva, Gabigol e Victor Andrade.
Rixa política
Para dirigentes do Barcelona e membros do estafe de Neymar o imbróglio todo começou por rixa política no Santos. Entendem que os últimos presidentes do clube se acostumaram a contestar decisões de seus antecessores. Luis Alvaro de Oliveira Ribeiro, ao assumir a presidência, rompeu com a DIS, parceira do clube na gestão de Marcelo Teixeira, que apadrinha o atual presidente. Modesto brigou com a Doyen, considerando, com o apoio do Conselho Deliberativo, que a gestão anterior negociou jogadores com a empresa de maneira irregular. Em seguida, o cartola atacou Neymar e Barcelona depois de a DIS questionar os valores da transação.
Jogo duro
Após ser denunciado na Fifa, o Barcelona entendeu que não poderia facilitar a vida do Santos. Foi assim na venda de Gabigol. Se a relação entre os clubes fosse boa, como não tinha interesse em contratar o atacante, o clube poderia ter respondido no prazo exigido pelo Santos que não exerceria seu direito, sem fazer questão do período de três dias. Exigir o cumprimento de cada linha dos contratos passou a ser prioridade para os catalães.
Retaliação
A diretoria do Santos não fala abertamente, mas nos bastidores os cartolas dizem que o time espanhol está esperneando por causa da ação na Fifa sobre a venda de Neymar e passou a retaliar o clube brasileiro com ações como o não pagamento de bônus e as queixas referentes a Neymar e Gabigol.
Problema interno
A guerra com o Barcelona pode ter ao menos uma consequência interna para o Santos. Influentes membros do Conselho Deliberativo avaliam que o Barça está certo em sua queixa sobre o prazo para responder a respeito de Gabigol não ter sido respeitado. Só que se o Conselho Deliberativo pode punir Modesto por causar prejuízo financeiro ao Santos, o órgão dará munição ao Barça para receber indenização. Não há consenso sobre o que deve ser feito.
Por Redação AEC | Fonte: Blog do Perrone/Uol
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