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Brasileira pode ser eleita deputada estadual nos EUA


Aos 33 anos, a mineira Emanuela Palmares é candidata do Partido Republicano ao cargo de deputada para a Câmara do Estado de Connecticut, nos Estados Unidos. Se ganhar as eleições, a moça natural de Belo Horizonte será a primeira latina a ocupar um assento na Casa legislativa estadual. Emanuela tenta uma vaga pelo Distrito 110 da cidade de Danbury, onde quase 45% da população local é formada por imigrantes latino-americanos. Suas principais plataformas de campanha são a luta pelos direitos dos imigrantes, a redução do déficit público e a diminuição dos impostos em sua cidade natal.

Na disputa contra Emanuela está o atual representante do distrito, o democrata Bob Godfrey, que serve seu 14º mandato. Apesar da experiência, o veterano tem enfrentado fortes críticas pela atual situação financeira do Estado, que tem um déficit de 1,5 bilhão de dólares em seu orçamento, oferecendo à novata uma chance real na corrida.

Em entrevista ao site de VEJA, Emanuela falou sobre seus primeiros anos nos EUA, a decisão de concorrer a um cargo público e o impasse entre ser brasileira e candidata à deputada pelo mesmo partido de Donald Trump, notório por seu discurso contra os imigrantes latinos. “Como mulher, imigrante e, mais importante, mãe de uma criança com necessidades especiais, sinto que as declarações de Trump são ofensivas e divisórias”, afirma a mãe do Caio, diagnosticado com autismo aos dois anos de idade.

Por que você decidiu deixar o Brasil e ir morar nos Estados Unidos? 
Não foi uma decisão minha. Eu me mudei do Brasil quando era criança, aos 10 anos. Minha mãe tinha problemas sérios de saúde que trouxeram a nossa família para cá em busca de tratamento médico e ela passou por múltiplas cirurgias desde então. Vinte e três anos depois, o Brasil tem um lugar especial no meu coração, mas os EUA são minha casa.

Como foram os seus primeiros anos morando nos EUA? 
Meu pai trabalhava com construção durante o dia e limpando supermercados durante a noite. Minha mãe e minha irmã limpavam casas e depois que fiquei mais velha me juntava a elas depois da escola para ajudar. Depois, meu pai se tornou o dono de sua própria empresa de construção, minha mãe fundou o maior jornal trilíngue no Estado e eu cresci envolvida nas questões da comunidade. Tudo isso enquanto enfrentava uma jornada de 17 anos para conseguir minha cidadania americana.

Como você se tornou candidata à deputada estadual?
A decisão de se candidatar veio de uma perspectiva pessoal. Tudo começou na busca por serviços para o meu filho Caio, que foi diagnosticado com autismo aos dois anos. Na busca por um melhor entendimento dos serviços que ele precisava e da forma como nossas escolas são financiadas fui inspirada a concorrer a um cargo municipal no Conselho de Educação. Depois dessa eleição, decidi tentar ser deputada estadual pelo Distrito 110 de Danbury. Eu sou a primeira brasileira na história do Estado a concorrer para tal cargo e, se eu ganhar, vou ser a primeira latina em Danbury a representar as 25.000 pessoas que vivem neste distrito.

Quais são seus principais objetivos caso seja eleita deputada americana?
Fazer parte de uma equipe empenhada em transformar o nosso Estado, lutar pelos interesses do meu distrito e contar a história das pessoas em minha comunidade. Danbury é uma das comunidades mais seguras e diversificadas dos EUA. Aproximadamente 35% da população total de Danbury nasceu fora dos Estados Unidos. Meu distrito é quase 45% latino, com a maior concentração de brasileiros do Estado.

Você compartilha de todas as posições políticas do Partido Republicano? 
Se eu concordo com cada item na plataforma do Partido Republicano em nível nacional? Não. Se eu acredito que o Partido Republicano em nível estadual tem uma perspectiva muito diferente e um propósito muito mais bem definido do qual eu me orgulhoso em compartilhar? Com certeza. Em nível estadual, o nosso objetivo é gerar o bem maior através de oportunidades para todas as pessoas, ao mesmo tempo em que compreendemos que um governo que governa quando é menor, menos inchado.

Qual sua opinião sobre o candidato republicano à Presidência Donald Trump? 
Eu não votei em Trump nas primárias e não votarei nele em novembro. Independente do que os críticos, inclusive eu, pensam de Trump, ele energizou um segmento do eleitorado americano que tem sido muito ignorado. Esse país tem a democracia mais forte do mundo, que prospera com a liberdade de cada indivíduo de expressar suas opiniões e preocupações. Isso vale tanto para os eleitores de Trump como para os apoiadores do movimento Black Lives Matter. Todas essas formas são legítimas em expressar essa liberdade.

Em quem você pretende votar em novembro? 
Eu provavelmente apoiarei um candidato de um terceiro partido. Eu acredito que a lição que esse ciclo eleitoral vai deixar, para a surpresa dos dois grandes partidos americanos, é de que existem milhões de pessoas que acreditam que eles, republicanos e democratas, se tornaram muito extremistas. Os eleitores vão mostrar com seus votos que não querem se sentir como se tivessem que desistir do que acreditam para elegerem seu presidente.

Qual seu sentimento, como mulher e imigrante, diante das declarações de Trump?
Como mulher, imigrante e, mais importante, como mãe de uma criança com necessidades especiais, sinto que as declarações de Trump são ofensivas e divisórias.

Se você vencer as eleições, tem planos para ajudar a comunidade brasileira em seu Estado?
Eu tenho orgulho da minha herança brasileira, mas pretendo servir a todos com a mesma paixão e trabalhar para melhorar a qualidade de vida de todas as pessoas em nosso distrito. No fim das contas, se a economia de Connecticut está em declínio, se nossas escolas não estão oferecendo o ensino de qualidade que nossas crianças merecem ou se o acesso à saúde for prejudicado pelo aumento de impostos, a verdadeira razão pela qual as pessoas imigram para este país vai começar a desaparecer.

Quem são os políticos brasileiros que você mais admira? E americanos? 
Consigo pensar em vários, mas mais recentemente é a Marina Silva. Eu admiro a história de vida dela, sua luta para conciliar fé e política e sua paixão pelo meio ambiente. Na política americana um dos meus heróis é Abraham Lincoln. Assim como ele, estou determinada a me envolver no processo político, pelas coisas que Lincoln acreditava e que ainda podem ser conquistadas hoje – “um governo do povo, pelo povo e para o povo”.

Por Redação GN | Fonte: VEJA.com

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