Você sabe o que são doenças pulmonares ocupacionais? São aquelas doenças que atacam o aparelho respiratório e que são adquiridas no ambiente de trabalho. Pouca gente desconfia ou associa que o aparecimento de alguns problemas pulmonares podem estar ligados a substâncias inaladas no local de trabalho. Na maioria dos casos, elas só são vinculadas a isso se representarem um risco oficial, ou seja, se o trabalhador tiver como função a manipulação ou exposição direta a tais substâncias.
O problema é que muitas vezes esses elementos nocivos à saúde se concentram em gases, vapores ou nuvens que se dispersam facilmente no ar inalado pelos profissionais. Muitas dessas partículas ficam retidas nas vias áreas superiores e acabam sendo dissipadas e combatidas pelo organismo, outras, porém, acabam chegando aos pulmões ou entrando na corrente sanguínea desencadeando graves problemas de saúde.
Nos Estados Unidos, uma pesquisa realizada pelo National Institute for Occupational Safety and Health (NIOSH), revelou que a cada dia, uma média de 137 pessoas morre de doenças relacionadas ao trabalho. A pesquisa também indicou que cerca de 20 milhões de trabalhadores americanos são expostos diariamente a vários tipos de substâncias tóxicas que podem estimular o desenvolvimento de doenças como asma, rinite, tuberculose pulmonar e até câncer de pulmão.
No Brasil, não há um estudo específico sobre o assunto, e os dados ainda imprecisos ou incompletos, mas estima-se que existam no país, cerca de 1.275.000 trabalhadores asmáticos em decorrência de substâncias inaladas no ambiente de trabalho e pelo menos 900.000 que possuem alguma doença pulmonar obstrutiva crônica.
Além de problemas como a asma, existe também a preocupação com o crescente número de casos de pneumoconioses, como explica a pneumologista do Hapvida Saúde, Juliana Puka. “Pneumoconiose é o termo que define as doenças pulmonares ocupacionais causadas especificamente pela inalação de poeiras, elas podem ser fibrogênicas (exposição a sílica, asbesto, carvão e poeira mista, por exemplo) e não-fibrogênicas (exposição a ferro, estanho, bário e rocha fosfática)”.
Segundo ela, os profissionais mais acometidos com este tipo de problema são pessoas que trabalham ou trabalharam com sílica, asbesto, carvão, algodão, talco, ferro, estanho, berílio, bário e poeiras mistas, sobretudo os profissionais da indústria de cerâmica e os que trabalham ou trabalharam em pedreiras, na construção de estradas e túneis.
Os sinais e sintomas de tais doenças mais comuns são tosse crônica e falta de ar, mas pode haver secreção, dor torácica, chiado no peito, fraqueza, cansaço, perda de peso, cianose (extremidades arroxeadas) e baqueteamento (alargamento das pontas dos dedos), entre outros.
Juliana ressalta a importância de estar atento a estes sintomas e aponta algumas medidas que podem ajudar na prevenção: “Nos ambientes de trabalho com riscos potenciais deve existir um programa de proteção respiratória, medidas de proteção coletivas, tais como enclausuramento ou confinamento das operações, ventilação e exaustão adequada, modificações operacionais ou de tecnologia e substituição da matéria-prima. O uso de equipamento de proteção individual (EPI – máscaras e respiradores) é obrigatório quando as medidas coletivas não controlam totalmente a exposição”.
A maior dificuldade no diagnóstico das doenças pulmonares ocupacionais é que a maioria delas é assintomática no início, como afirma a pneumologista: “Com exceção da asma ocupacional que é bastante sintomática, as pneumoconioses são praticamente assintomáticas na fase inicial, o diagnóstico é realizado com base no quadro clínico, na história detalhada e nos achados dos exames de imagem do tórax.
Por Redação GN | Fonte: Doutor Saúde/Correio 24h
0 Comentários