A partir de amanhã, se você entrar em uma agência da Caixa Econômica Federal vai ter que pagar mais caro pelo financiamento da casa própria. O banco, que no ano passado foi responsável por 69,7% dos financiamentos imobiliários no Brasil, informou que a mudança se deve ao aumento das taxas de juros básicos. Além de deixar os financiamentos vinculados ao banco mais caros, segundo fontes do mercado imobiliário, a mudança no percentual tende a ter um aumento nas taxas de juros em outros bancos também.
O novo valor da taxa de juros vale para quem comprar imóveis com valor superior aos R$ 750 mil, máximo permitido no Sistema Financeiro de Habitação (SFH). A taxa de juros será elevada de 9,2% ao ano mais TR (Taxa Referencial) para até 11% ao ano. No âmbito do SFH, as novas taxas variam de 8,5% ao ano a 9,15% ao ano. Antes, esse intervalo era de 8% ao ano a 9,15% ao ano. As taxas mais baixas são para clientes do banco, funcionários públicos e clientes que tenham conta salário na Caixa, o chamado relacionamento com o banco. As mudanças só atingirão os novos contratos. Elas não valem para quem já tem financiamento com o banco. Também não haverá mudança nos financiamentos do programa Minha Casa Minha Vida e da Carta de Crédito do FGTS, que financia imóveis com valor até R$ 190 mil. Já no Sistema de Financiamento Imobiliário (SFI) - para imóveis acima de R$ 750 mil - os valores também mudaram.
Reflexos
O presidente da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário da Bahia (Ademi-BA), Luciano Muricy Fontes, indica que haverá impacto no consumo de imóveis depois do anúncio do aumento da taxa de juros. “Aumento de juros não é bom para ninguém. Mas um aumento dessa pequena monta não terá um efeito tão grande. Acredito que o impacto pode ser mais emocional na cabeça do comprador”, disse.
Segundo Fontes, mesmo com o aumento na Caixa, a taxa de juros dos imóveis é a menor dentre os investimentos. Ele acredita, inclusive, que não haverá queda de preços dos imóveis. “Em Salvador, o preço praticado no mercado é bem abaixo da realidade de outras cidades. Hoje, ocupamos o 17º no preço médio do metro quadrado dentre as principais cidades. Não tem margem para redução de preço. O que vai acontecer é ter incremento no valor”.
O presidente do Sindicato da Indústria da Construção do Estado da Bahia (Sinduscon-BA), Carlos Henrique Passos, acredita que o mercado de compradores será afetado com a elevação da taxa de juros. “Não tem repercussão no preço do imóvel de redução de valores. O principal efeito dessa mudança será no mercado de compradores, que terá uma redução. Na medida que as famílias, que estão procurando imóvel, tenham uma dificuldade pelo valor das prestações, a tendência é adiar a compra ou comprar menor”.
Passos destaca que o aumento da taxa de juros é ruim para o mercado e pode refletir, em médio prazo, no aumento do preço dos imóveis. “Construtoras que estejam em fase de projeto podem recuar o lançamento dos imóveis e consequentemente diminuir a oferta o que pode gerar um aumento no preço dos imóveis”, explica.
O presidente do Sinduscon-BA acredita que o percentual de reajuste veio em momento complicado para o setor da construção civil. “Essa mudança mexe no ânimo de compra das pessoas”.
Alternativa
Especialista no mercado imobiliário, o corretor de imóveis João Brito ressalta que a compra do imóvel novo requer planejamento na sua execução. “Agora, com essa nova realidade no valor do financiamento, as famílias terão que fazer mais contas para planejar a compra. Será uma alternativa comprar o imóvel na planta mais do que nunca”, explica (ver boxe ao lado com dicas de como melhorar sua compra).
O representante comercial Bruno Lima é um exemplo disso. Casado há dois anos e morando de aluguel, ele pretendia comprar uma casa nova já nesse primeiro semestre. Mas, depois do anúncio da mudança no valor do financiamento da taxa de juros, a decisão foi adiada. “Fiz as contas e o valor da prestação fica bem acima do que eu estava disposto a pagar nesse momento. Decidi juntar mais dinheiro para poder dar uma entrada maior no imóvel”, conta. Fonte: Correio 24h