A fama de terra da alegria não impediu que 19,7% dos baianos maiores de 18 anos e diagnosticados com depressão tenham suas vidas comprometidas em virtude dos efeitos da doença. O índice é um dos maiores do país, só perdendo para a Paraíba e empatando com Alagoas. Desse montante de pessoas limitadas nas suas atividades em virtude da depressão, 24,2% são homens e 19% são do sexo feminino.
O impacto da enfermidade mental na qualidade de vida dos baianos foi divulgado na última semana, durante o lançamento dos resultados da primeira edição da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em parceria com o Ministério da Saúde (MS).
Essa foi a primeira vez que um levantamento desse porte foi realizado na área de saúde e dentro do território nacional. A pesquisa incluiu ainda a coleta de amostras de sangue e de urina da população entrevistada, fato que confere mais precisão aos resultados. O trabalho foi realizado no segundo semestre de 2013 e foram visitadas 81.767 casas em todos os estados brasileiros, entre as quais 62.986 aceitaram responder ao questionário.
Segundo o representante da Coordenação de Disseminação de Informações do IBGE na Bahia, Joilson Souza, alguns dados chamam atenção por possibilitar um vislumbre da saúde mental. “O primeiro deles diz respeito ao fato de que o diagnóstico é menor nas regiões mais empobrecidas, mais remotas ou rurais”, esclarece, pontuando que, geralmente, quando a patologia é diagnosticada, já houve um alto grau de comprometimento na vida do indivíduo. O representante do IBGE também ressalta o fato da questão cultural ainda impedir que os homens busquem auxílio. “O número de mulheres que buscam assistência médica é praticamente o dobro dos homens”, completa.
Dados brasileiros
A PNS estimou que 11,2 milhões de adultos foram diagnosticados com depressão e somente 46,4% deles receberam assistência médica. Como era de se imaginar, os maiores índices da doença estão nas áreas urbanas (8,0%), no Sul (12,6%) e Sudeste (8,4%), nas mulheres (10,9%) e na faixa de 60 a 64 anos de idade (11,1%). Por níveis de instrução, prevalecem as pessoas com ensino superior completo (8,7%) e as sem instrução e com fundamental incompleto (8,6%).
Por grupos de cor ou raça, a proporção de adultos diagnosticados foi maior entre as pessoas brancas (9,0%) do que entre pardas (6,7%) e pretas (5,4%). A pesquisa também demonstrou que mais da metade (52,0%) das pessoas com esse diagnóstico usavam medicamentos para depressão e 16,4% delas faziam psicoterapia. Apenas 46,4% dos que informaram terem sido diagnosticados receberam assistência médica para depressão nos 12 meses anteriores à pesquisa.
Os maiores percentuais de atendimento estão nos consultórios particulares ou clínicas privadas (42,3%) e em unidade básica de saúde (33,2%). Quanto ao motivo para não receber assistência médica, apesar do diagnóstico de depressão, 73,4% alegaram não estar mais deprimidos, 6,6% que não tinham ânimo, 4,6% disseram que o tempo de espera no serviço de saúde era muito grande, 2,4% que tinham dificuldades financeiras, 2,1% que o horário de funcionamento do serviço de saúde era incompatível com suas atividades de trabalho ou domésticas e 10,9% relataram outros motivos.
Joilson Souza reconhece, no entanto, que esses números podem não fazer uma avaliação do quadro real porque ainda há muitas pessoas que não são diagnosticadas e sequer reconhecem o problema de saúde.
Saúde pública
De acordo com a psiquiatra Rosa Garcia, a depressão é uma doença caracterizada por um conjunto de sintomas psicológicos e físicos, associada a altos índices de comorbidades médicas, incapacitação e mortalidade prematura. “No dia a dia no consultório é possível observar que o diagnóstico da depressão supera as demais enfermidades mentais”, pontua a médica. Ela chama atenção para o fato de que a depressão geralmente surge associada a outras doenças, as chamadas comorbidades, como o alcoolismo e doenças crônicas não transmissíveis e o câncer.
Com uma postura parecida, o psiquiatra da Secretaria Municipal de Saúde Ivan Araújo ressalta que a depressão é uma das doenças mais incapacitantes que existe e o grande desafio da saúde é conseguir identificá-la diante de uma série de sinais que não são muito específicos.
“Geralmente, o problema começa leve, com a pessoa apresentando queixas de alteração no sono, na memória, dores, perda de prazer em realizar tarefas que antes gostava, falta de interesse, pensamentos de ruína e pesar”, esclarece o médico, destacando que, quando não tratado, o quadro pode evoluir inclusive para o suicídio. “Geralmente, nos casos mais
graves, a dor, a angústia e a tristeza são tão grandes que a pessoa prefere não mais viver”, diz, ressaltando que a depressão acomete mais os adultos jovens, embora também possa ocorrer em crianças e idosos.
Em Salvador, o tratamento para depressão pode ser feito em um das 18 unidades do Centro de Apoio Psicossocial (Caps). Para verificar os endereços, acesse:www.saude.ba.gov.br/hjm/images/documentos/caps_bahia_salvador.pdf.
O impacto da enfermidade mental na qualidade de vida dos baianos foi divulgado na última semana, durante o lançamento dos resultados da primeira edição da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em parceria com o Ministério da Saúde (MS).
Essa foi a primeira vez que um levantamento desse porte foi realizado na área de saúde e dentro do território nacional. A pesquisa incluiu ainda a coleta de amostras de sangue e de urina da população entrevistada, fato que confere mais precisão aos resultados. O trabalho foi realizado no segundo semestre de 2013 e foram visitadas 81.767 casas em todos os estados brasileiros, entre as quais 62.986 aceitaram responder ao questionário.
Segundo o representante da Coordenação de Disseminação de Informações do IBGE na Bahia, Joilson Souza, alguns dados chamam atenção por possibilitar um vislumbre da saúde mental. “O primeiro deles diz respeito ao fato de que o diagnóstico é menor nas regiões mais empobrecidas, mais remotas ou rurais”, esclarece, pontuando que, geralmente, quando a patologia é diagnosticada, já houve um alto grau de comprometimento na vida do indivíduo. O representante do IBGE também ressalta o fato da questão cultural ainda impedir que os homens busquem auxílio. “O número de mulheres que buscam assistência médica é praticamente o dobro dos homens”, completa.
Dados brasileiros
A PNS estimou que 11,2 milhões de adultos foram diagnosticados com depressão e somente 46,4% deles receberam assistência médica. Como era de se imaginar, os maiores índices da doença estão nas áreas urbanas (8,0%), no Sul (12,6%) e Sudeste (8,4%), nas mulheres (10,9%) e na faixa de 60 a 64 anos de idade (11,1%). Por níveis de instrução, prevalecem as pessoas com ensino superior completo (8,7%) e as sem instrução e com fundamental incompleto (8,6%).
Por grupos de cor ou raça, a proporção de adultos diagnosticados foi maior entre as pessoas brancas (9,0%) do que entre pardas (6,7%) e pretas (5,4%). A pesquisa também demonstrou que mais da metade (52,0%) das pessoas com esse diagnóstico usavam medicamentos para depressão e 16,4% delas faziam psicoterapia. Apenas 46,4% dos que informaram terem sido diagnosticados receberam assistência médica para depressão nos 12 meses anteriores à pesquisa.
Os maiores percentuais de atendimento estão nos consultórios particulares ou clínicas privadas (42,3%) e em unidade básica de saúde (33,2%). Quanto ao motivo para não receber assistência médica, apesar do diagnóstico de depressão, 73,4% alegaram não estar mais deprimidos, 6,6% que não tinham ânimo, 4,6% disseram que o tempo de espera no serviço de saúde era muito grande, 2,4% que tinham dificuldades financeiras, 2,1% que o horário de funcionamento do serviço de saúde era incompatível com suas atividades de trabalho ou domésticas e 10,9% relataram outros motivos.
Joilson Souza reconhece, no entanto, que esses números podem não fazer uma avaliação do quadro real porque ainda há muitas pessoas que não são diagnosticadas e sequer reconhecem o problema de saúde.
Saúde pública
De acordo com a psiquiatra Rosa Garcia, a depressão é uma doença caracterizada por um conjunto de sintomas psicológicos e físicos, associada a altos índices de comorbidades médicas, incapacitação e mortalidade prematura. “No dia a dia no consultório é possível observar que o diagnóstico da depressão supera as demais enfermidades mentais”, pontua a médica. Ela chama atenção para o fato de que a depressão geralmente surge associada a outras doenças, as chamadas comorbidades, como o alcoolismo e doenças crônicas não transmissíveis e o câncer.
Com uma postura parecida, o psiquiatra da Secretaria Municipal de Saúde Ivan Araújo ressalta que a depressão é uma das doenças mais incapacitantes que existe e o grande desafio da saúde é conseguir identificá-la diante de uma série de sinais que não são muito específicos.
“Geralmente, o problema começa leve, com a pessoa apresentando queixas de alteração no sono, na memória, dores, perda de prazer em realizar tarefas que antes gostava, falta de interesse, pensamentos de ruína e pesar”, esclarece o médico, destacando que, quando não tratado, o quadro pode evoluir inclusive para o suicídio. “Geralmente, nos casos mais
graves, a dor, a angústia e a tristeza são tão grandes que a pessoa prefere não mais viver”, diz, ressaltando que a depressão acomete mais os adultos jovens, embora também possa ocorrer em crianças e idosos.
Em Salvador, o tratamento para depressão pode ser feito em um das 18 unidades do Centro de Apoio Psicossocial (Caps). Para verificar os endereços, acesse:www.saude.ba.gov.br/hjm/images/documentos/caps_bahia_salvador.pdf.
Fonte: Correio24h