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OMS declara emergência mundial de poliomielite. A doença não tem cura

Foto: Reprodução
Depois de detectar casos em mais de uma dezena de países, a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou emergência sanitária mundial diante do risco de contágio da poliomielite.

A decisão foi tomada nesta segunda-feira, 5, e anunciada depois de uma série de reuniões do Comitê de Emergência da OMS. Essa é apenas a segunda vez na história que a entidade declara uma emergência global por conta de uma doença. A primeira vez foi em 2009, com a gripe A.

Apesar de os casos de polio terem sido identificados principalmente na África, Oriente Médio e Ásia, a entidade optou por decretar o estado de emergência como forma de combater sua proliferação e diante do risco de que a doença chegue a países que, com esforços de anos e milhões de dólares gastos, conseguiram erradicar o problema.

O vírus estava prestes a ser declarado como extinto há três anos. Mas conflitos armados em algumas regiões e a falta de investimentos em outras abriram as portas para a volta da doença. O risco, desta vez, é que com a facilidade de contatos e de viagens, o vírus teria maiores chances de chegar a novas regiões.

Uma campanha financiada por Bill Gates e Rotary Internacional e que destinou à vacinação mais de US$ 11 bilhões havia conseguido limitar a pólio a apenas três países: Paquistão, Afeganistão e Nigéria. Os casos em Cabul e Abuja caíram em mais de 50% desde o início da campanha. Mas o mesmo não conseguiu ser feito no Paquistão e, nos últimos seis meses, o vírus se espalhou para a Síria, Iraque, Camarões, Guinea Equatorial, Etiópia, Israel e Somália.

Os principais focos da nova onda da doença são Paquistão, Camarões e Síria. A recomendação a esses governos é de que não permitam a saída de pessoas dos países sem que estejam vacinados. Mas com a guerra na Síria tendo feito desabar parte da estrutura do estado e diante dos mais de 3 milhões de refugiados, a OMS reconhece que muitos que podem estar portando o vírus já estão em outros países.

A Síria era considerada um exemplo no Oriente Médio de como um governo conseguiu erradicar a doença. Nenhum caso foi identificado em 14 anos. Mas a guerra transformou essa realidade. A OMS alerta que milhares de sírios estão hoje vivendo de forma precária nas periferias das grandes cidades europeias, além de já representar 25% da população do Líbano e terem criado a quarta maior cidade da Jordânia, em apenas três anos.

Outro centro da atenção é o Paquistão. Em 2012, um total de 223 casos foram identificados no mundo. O número foi o mais baixo já registrado. Mas, em 2013, esse número já chegou a 417. Nos quatro primeiros meses de 2014, o número já chegou a 74. Desses 59 foram registrados no Paquistão.

Mas o que gera a preocupação da OMS é que as cidades paquistanesas sequer iniciaram a temporada do ano em que os casos são mais frequentes.

Parte do projeto de vacinação no Paquistão foi afetado depois que o governo americano usou uma pessoa disfarçada de agente médico para vacinar as crianças de uma casa que, depois, se descobriria que era o esconderijo de Ossama Bin Laden. Rumores de que a vacina causava perda de fertilidade também acabaram atrapalhando o processo.

Apenas em 2013, mais de 20 médicos que percorriam o país foram assassinados, além de nove policiais que faziam a segurança de centros de vacinas.

Entre as recomendações, a OMS pede que os países afetados ampliem as campanhas de vacinação e que deem às pessoas que estejam viajando documentos que identifiquem se elas foram de fato imunizadas.

O vírus, disseminado por fezes, ataca o sistema nervoso e pode causar paralisia em apenas algumas horas. 10% dos afetados morrerem e não existe cura. Fonte: Estadão.