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Vítima de um tumor no pâncreas, que se espalhou e prejudicou outros órgãos, o alagoano José Cícero, de 37 anos, estava definhando. “Ele foi emagrecendo, perdendo as forças, já não saía mais de casa, não se alimentava direito”, conta a mulher Rosilda da Silva.
No Hospital das Clínicas (HC), em São Paulo, onde foi se tratar, os médicos disseram que o marido de Rosilda precisaria de um transplante raro: teria que trocar o pâncreas, o baço, o estômago, o fígado e os intestinos grosso e delgado.
Encontrar doador compatível e órgãos em bom estado demorou quase um ano. Uma criança de 11 anos, idade da filha de Cícero, foi doadora.
A importância do transplante de vários órgãos feito em uma mesma cirurgia é grande porque, em geral, essa é a única chance de sobrevivência para pacientes com doenças gravíssimas. José Cícero teria poucos meses de vida sem o transplante, o primeiro desse tipo feito pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil.
A equipe do Jornal Hoje acompanhou parte da operação, que envolveu oito cirurgiões, quatro anestesistas, duas biólogas e cinco enfermeiras e auxiliares, quase todos treinados exaustivamente no país e nos Estados Unidos.
Ao todo, 34 bolsas de sangue foram usadas. A hemorragia é um dos grandes desafios de um transplante desse porte, mas é quando a cirurgia termina que vem a fase mais crítica. “A gente considera que a rejeição é o maior perigo e quando acontece, nós temos que usar muitas drogas potentes, que podem trazer infecção”, diz o diretor do serviço de transplante do HC, Luiz Carneiro d’Albuquerque.
A torcida vai ser grande para que a vitória de José Cícero seja também uma conquista da saúde pública do país. “Esse é o primeiro de uma série de um programa grande, que vamos agora colocar na rotina. Sempre que tivermos paciente, nós estaremos oferecendo esse serviço para a população”, conta Luiz Carneiro d’Albuquerque. Fonte: G1